Efeito Americanas e pacote morno de Haddad afetam mercado e Bolsa cai
O Ibovespa, índice da Bolsa de Valores brasileira, recuou 0,6% nesta quinta-feira (11/1), com o caso Americanas e pacote econômico no radar
atualizado
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O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), encerrou a quinta-feira (11/1) em desvalorização de 0,6%, aos 111.850. A queda interrompeu um ciclo de 6 sessões em alta do mercado.
Os investidores acompanharam eventos e indicadores locais e externos. No cenário internacional, o dia começou com expectativas para a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) recuou 0,1% em dezembro do ano passado, informou o Departamento do Trabalho do governo americano. No acumulado de 2022, a inflação americana registrou alta de 6,5%.
A desaceleração dos preços indica que a política de alta de juros pelo Banco Central dos Estados Unidos pode estar perto do fim. Se confirmado, tal cenário é benéfico para os mercados de ações, o que explica uma alta nos índices americanos. O dólar fechou o dia em queda de 1,55%, negociado a R$ 5,10.
Os investidores também acompanharam o anúncio do “plano de voo” de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, na tarde desta quinta-feira (11/1).
No discurso, o chefe da Fazenda afirmou que o governo deve cortar R$ 50 bilhões em despesas em 2023. Tal corte e um aumento de arrecadação, por meio de renegociação de dívidas tributárias de empresas e pela mudança na base de cálculo do Pis/Cofins.
No papel, o pacote anunciado pelo ministro seria suficiente para zerar o déficit de R$ 231 bilhões previsto para as contas do governo federal neste ano.
Embora os investidores estivessem esperando por medidas capazes de reduzir o rombo nas contas públicas, a percepção é de que Haddad ainda deverá mostrar qual a capacidade de cumprimento das metas estipuladas hoje.
Americanas derrete
A ação que mais perdeu valor no dia foi a da Americanas, negociada com o código de AMER3. Os papéis recuaram 77% nesta quinta-feira.
A varejista anunciou na noite de ontem (10/1) que encontrou inconsistências contábeis nos seus últimos balanços. O problema estaria no lançamento contábil de financiamentos com fornecedores.
A nota divulgada pela empresa não dá detalhes, mas segundo analistas a par do assunto, a irregularidade estaria no risco sacado, como é chamado o processo de antecipação de recursos para os fornecedores.
A hipótese mais provável é de que a Americanas “vendeu” os débitos que tinha com fornecedores a bancos e não lançou essas operações como dívida no balanço. Além disso, como é uma operação bancária, a troca de dívida teria gerado juros para a empresa, mas a Americanas teria contabilizado esse custo de forma errada.
No final das contas, a pedalada contábil maquiou o endividamento da empresa de forma relevante.