Economista retruca Tebet: “Foi o governo que esticou a corda com o BC”
Para Alexandre Schwartsman, críticas contra a manutenção dos juros básicos em 13,75% ao ano tentam fazer com que o BC pareça “birrento”
atualizado
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Não foi o Banco Central (BC) quem “esticou a corda” com o governo, ao manter os juros básicos do Brasil em 13,75% ao ano, conforme disse, nesta segunda-feira (27/3), a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Aconteceu o contrário, na opinião do economista Alexandre Schwartsman, consultor e ex-diretor do BC. Diz ele: “Foi o governo quem esticou a corda com o Banco Central”.
A declaração de Tebet ocorreu durante a Arko Conference, em São Paulo. “Acredito que não precisavam (o BC) ter esticado a corda como esticaram, porque também mandaram recado, a meu ver, equivocado para a equipe econômica e o núcleo político, ou para a política brasileira”, disse a ministra.
Schwartsman observa que críticas semelhantes, porém, também foram feitas por outros integrantes da área econômica do governo, além do ministro Fernando Haddad e de Tebet. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, por exemplo, classificou como “político” trecho do comunicado divulgado pelo BC, após a decisão de manter os juros básicos, na quarta-feira (22/3).
Informou o BC no texto: “O Comitê enfatiza que os passos futuros de política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajustes caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.
“Esse parágrafo está na comunicação do BC desde setembro, antes do primeiro turno da eleição”, diz Schwartsman. “Qualquer um que siga esses comunicados consegue entender isso. Imagino que o secretário de Política Econômica também. A afirmação do Mello é uma clássica esticada de corda, tentando fazer com que o BC pareça birrento.”