Dólar tem novo recorde de fechamento e chega a R$ 6,08
Dados da inflação, Copom, divulgação de dados do consumo nos Estados Unidos e tensões geopolíticas no mundo impulsionam a moeda
atualizado
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O dólar encerrou esta segunda-feira (9/12) em alta de 0,18%, cotado a R$ 6,08, renovando o recorde histórico da moeda americana. Nesta semana, os investidores estão de olho nas decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Ambas serão definidas na quarta-feira (11/12), em reuniões dos integrantes dos bancos centrais dos dois países.
Por aqui, o mercado também está de olho no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve ser divulgado na terça (10/12). Segundo o Boletim Focus, as estimativas para a inflação de 2024 subiram para 4,84%. Com isso, a projeção segue acima do teto da meta para este ano, que é de 4,50%.
Lá fora, investidores acompanham a divulgação de dados do consumo nos Estados Unidos, as tensões geopolíticas na Síria e a nova decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), prevista para esta semana.
Por volta das 17h, o Ibovespa avançava 1,04%, aos 127.250,46 pontos. Esse movimento ao longo do dia vem sendo impulsionado pela alta das ações da Vale, que avançam mais de 3%. Nesta segunda, a China sinalizou estímulos mais fortes em 2025 e implantação de uma política fiscal mais proativa, para aumentar a demanda interna e estabilizar o mercado imobiliário.
Os papéis da Petrobras estão sendo beneficiados com o avanço nos preços do petróleo diante de incertezas no Oriente Médio após a queda do presidente sírio Bashar al-Assad. Por volta das 16h, as ações PN subiam 2,56%, a R$ 40,03, e as ON tinham alta de 2,61% a R$ 43,21.
Impactos na alta do dólar
Um levantamento recente, conduzido por especialistas em economia e finanças do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), revelou que os brasileiros, de todas as rendas, estão expostos aos impactos das variações cambiais no seu padrão de consumo, o que torna essencial a diversificação internacional de investimentos para preservar o poder de compra.
Segundo a pesquisa Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional, o efeito do câmbio sobre a cesta de consumo dos brasileiros varia de 16% a 18% conforme a faixa de renda. Entre as razões está o fato de que as importações brasileiras representam 10% do PIB do país, e esse percentual depende integralmente do câmbio.
O estudo revela ainda as consequências no IPCA, que variam entre 11% para a faixa de renda mais elevada e a 14% para a mais baixa. Há também gastos no exterior que afetam as rendas mais altas, com impacto estimado em 2,65% do seu consumo. Por fim, temos a volatilidade do câmbio, que tem de ser neutralizada, o que influencia todas as faixas de renda em valor próximo de 3%.
De acordo com o levantamento, as taxas de inflação repercutem no consumo, em diferentes segmentos. No setor de alimentos e bebidas, por exemplo, as famílias de baixa renda são afetadas em 37%, enquanto as de média e alta renda sofrem com índices de 20,9% e 13,1%, respectivamente. Já no ramo da habitação, o impacto é de 21,9% para baixa renda, 16,2% para média e 9% para alta. Os dados contrariam a perspectiva de que apenas indivíduos ricos ficam expostos à variação cambial e evidenciam que, inclusive, muitas vezes são as classes D e E que sofrem mais com essa instabilidade.
Claudia Emiko Yoshinaga, Francisco Henrique Figueiredo, Ricardo Ratner Rochman e William Eid Junior, autores do estudo, defendem que uma diversificação internacional adequada é crucial para mitigar esses riscos e proteger o poder de compra dos brasileiros. Eles recomendam que, para neutralizar os efeitos das variações cambiais, os brasileiros devem ter, no mínimo, 16% de seus portfólios aplicados em ativos no exterior. Para famílias de maior renda, o percentual sugerido é de 18%. Isso apenas para proteger o consumo.
“A volatilidade cambial tem efeito direto sobre o preço de muitos bens de consumo essenciais no Brasil. Quando o real se desvaloriza, o custo desses produtos, que muitas vezes são importados ou contêm componentes importados, aumenta significativamente”, explicam os autores da pesquisa. “Isso reflete em uma inflação elevada para o consumidor, principalmente para as famílias de baixa e média renda, que são as mais impactadas pela alta nos preços de bens básicos”, comenta o professor William Eid Junior da FGV.
Além disso, o levantamento garante que a diversificação internacional não apenas protege contra a volatilidade cambial, mas oferece aos investidores brasileiros a oportunidade de acessar mercados e setores não disponíveis na bolsa de valores local. Por exemplo, tecnologia e biotecnologia, que têm apresentado crescimento significativo em bolsas internacionais, não têm boas representações no Brasil, o que limita as opções de ativos de alto retorno disponíveis aos investidores locais.
“Investir no exterior permite que o investidor brasileiro tenha acesso a novas oportunidades e setores em crescimento, além de proteger seu portfólio das oscilações da moeda local”, afirmam os autores. “Essa é uma estratégia fundamental para manter o poder de compra e garantir a estabilidade do portfólio em tempos de incerteza econômica.”