Dólar tem maior queda no 1º semestre desde 2016 e fica 10% mais barato
Dólar fechou o semestre com maior desvalorização frente ao real em sete anos. Moeda americana é cotada abaixo de R$ 4,80
atualizado
Compartilhar notícia
O dólar americano fechou a sexta-feira (30/6) em R$ 4,79 e, com isso, encerra seu melhor primeiro semestre em sete anos.
De 1º de janeiro a junho, a cotação da moeda americana caiu pouco mais de 9,4%. Só em junho, a queda foi de 5,6%.
O desempenho mais positivo do real brasileiro tem sido influenciado em partes pelo noticiário interno, além de temores de recessão que continuam nos países ricos.
No radar dos mercados no Brasil está a perspectiva de queda de juros em agosto e inflação melhor do que as expectativas. Somou-se a isso o reforço, nesta semana, da meta de inflação em 3%, chancelada pelo Banco Central e pelo governo no Conselho Monetário Nacional.
As últimas semanas tiveram ainda a alteração na perspectiva da nota de crédito do Brasil pela agência de risco Standard & Poor’s. A nota seguiu em “investimento de risco”, mas com observação indo de “estável” para “positiva”, o que não ocorria desde 2019.
Já ao longo do ano, a leitura nos mercados é que as incertezas em relação à política econômica e à economia brasileira se dissiparam parcialmente. O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre veio acima do esperado (em 1,9%), puxado por bom desempenho do agro e com alguma manutenção do consumo e baixa inflação, sobretudo em itens mais baratos.
Temas políticos como a aprovação do novo marco fiscal para limitar os gastos públicos e o debate da reforma tributária também podem impactar as perspectivas.
No caso do câmbio, outros fatores imediatos de mercado, como a nova emissão de títulos do Tesouro de mais de US$ 2 bilhões e a gigantesca emissão privada de US$ 1,25 bilhão em bonds da Petrobras, auxiliam nas perspectivas de entrada de dólares no Brasil. Além disso, frentes como a alta nas exportações do agro, por exemplo, também impactam positivamente o fluxo de dólares.
Dólar a R$ 5 no fim do ano
Apesar das baixas recentes, a visão geral no mercado é que o dólar volte a subir até o fim do ano, embora não deva passar em grande medida do patamar de R$ 5.
No último boletim Focus, que reúne projeções de analistas do mercado financeiro coletadas pelo Banco Central, a mediana das apostas é de dólar em R$ 5,0 no fim de 2023.
Há um mês, a projeção era pior, de R$ 5,11. Na outra ponta, algumas casas seguem apostando que o dólar pode terminar o ano abaixo até mesmo de R$ 4,50.
Já para o médio prazo, a mediana do Focus aponta que a moeda americana deve voltar a patamar acima de R$ 5,10 em 2024 e 2025 e de mais de R$ 5,20 em 2026, segundo as projeções até o momento.