Dólar fecha em nova alta, a R$ 6,18, segundo maior valor da história
Moeda americana deu nova arrancada nesta segunda-feira (23/12), ao subir 1,87% durante o pregão
atualizado
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O dólar voltou a fechar em forte alta nesta segunda-feira (23/12). Ao final do pregão, ele registrou avanço de 1,87%, cotado a R$ 6,18, o segundo maior valor nominal (sem o reajuste pela inflação) da história. O salto da moeda americana representou uma reversão sobre o fechamento da última sexta-feira (20/12), quando recuou 0,81%, a R$ 6,07, na segunda queda seguida.
Na quarta-feira (18/12), o dólar fechou no maior patamar da história, a R$ 6,26, também considerado o valor nominal. No dia seguinte, na quinta (19/12), atingiu o maior valor durante um pregão, quando bateu em R$ 6,30, embora tenha encerrado o dia a R$ 6,12.
Ao longo da semana passada, o Banco Central (BC) leiloou ao menos US$ 23,7 bilhões, para conter a disparada da moeda americana. Nesta segunda, porém, não houve intervenção do BC no mercado.
Incerteza fiscal
Na avaliação de analistas, a questão fiscal (que trata da relação entre receitas e despesas da administração pública) tem exercido a maior pressão sobre o dólar. E a aprovação do pacote de corte de gastos do governo por parte do Congresso Nacional não foi suficiente para alterar o humor dos investidores. Ele foi considerado tímido por grupos de economistas.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças promovidas pelos parlamentares atenuariam em R$ 1 bilhão o impacto das medidas propostas pelo governo. A economia final foi estimada em R$ 71,9 bilhões em dois anos.
Depois disso, contudo, a pasta refez a conta, alterando o efeito da ação dos congressistas em R$ 2,1 bilhões – com economia final de R$ 69,8 bilhões até 2026. Na análise do mercado, no entanto, a queda seria bem menor, ficando entre R$ 42 bilhões a R$ 55 bilhões em dois anos.
Juros dos EUA
O entrave fiscal, afirmam economistas, entra na cota dos fatores locais que exercem pressão sobre o dólar. Mas a alta da moeda americana também está sendo impulsionada em todo o mundo pelos juros nos Estados Unidos. Essa taxa foi cortada pela terceira vez seguida na quarta-feira (18/12) pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Ainda assim, ela permanece em patamar elevado, no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
Com os juros nas alturas, os títulos da dívida americana, os Treasuries, exercem forte atração sobre os investidores globais. Tal situação funciona como um aspirador de dólares, elevando a cotação da moeda americana em relação a outras divisas.
Projeções
As projeções feitas pelo mercado para o dólar estão piorando, semana a semana, de acordo com dados presentes no Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central. Nesta segunda (23/12), a estimativa para 2024 subiu pela terceira vez seguida, atingindo R$ 6,00.
Para 2025, ela avançou pelo oitava vez consecutiva, e foi a R$ 5,90. Para 2026, na sexta alta, ela passou de R$ 5,80 para R$ 5,84 e, no caso de 2027, foi de R$ 5,70 para R$ 5,80, na terceira elevação.
Bolsa de Valores
A Bolsa brasileira (B3) fechou em queda nesta segunda-feira (23/12). O Ibovespa, o principal índice da B3, recuou 0,90%, a 121.004 pontos.
Na avaliação do analista Idean Alves, especialista em mercado de capitais, a sessão foi marcada pelo pequeno volume de negócios por conta da antevéspera de Natal. “O Ibovespa chegou a ficar abaixo dos 121 mil pontos, numa queda de quase 9% no ano, em um 2024 marcado por fortes emoções, com a Bolsa andando a maior parte do tempo de lado”, diz Alves.