Dólar fecha em alta e vai a R$ 5,36; Bolsa segue em forte queda
Em um dia turbulento no mercado, dólar fechou em alta de 1,51%; política fiscal e Petrobras estão no topo de preocupações dos investidores
atualizado
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O dólar fechou em alta na primeira sessão do ano, nesta segunda-feira (2/1), o primeiro dia útil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e no qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez seu discurso de posse.
A moeda americana, que se manteve em trajetória ascendente desde as primeiras horas da manhã, terminou o dia em alta de 1,51%, cotada a R$ 5,360 na venda.
Na cotação máxima da sessão, o dólar chegou aos 5,366. A mínima foi de R$ 5,292.
O dólar encerrou 2022 registrando uma queda acumulada de 5,32%, negociado a R$ 5,28 na quinta-feira (29/12), última sessão do ano passado.
O euro, por sua vez, encerrou o dia em alta de 1,37%, negociado a R$ 5,71. Na máxima da sessão, a moeda europeia chegou aos R$ 5,73. A mínima foi de R$ 5,65.
Desoneração de combustíveis e mudança na política de preços da Petrobras
O dia foi turbulento no mercado financeiro, com os investidores repercutindo declarações e decisões de Lula logo em seus primeiros dias de governo.
O mercado reprovou a iniciativa do novo governo de retirar a Petrobras do programa de desestatização iniciado por Jair Bolsonaro. Além disso, a decisão de Lula de prorrogar a desoneração dos combustíveis por mais 60 dias também desagradou aos investidores. As medidas foram publicadas no Diário Oficial da União.
Também há forte preocupação em relação à possível mudança na política de preços da Petrobras, hoje vinculada à flutuação dos valores no mercado internacional. Indicado por Lula para assumir a estatal, o senador Jean Paul Prates confirmou que a política de preços será modificada.
Por fim, o discurso de posse de Lula teve um recado direto aos acionistas da Petrobras e de outras estatais, com críticas ao governo Bolsonaro por sua postura em relação a essas empresas.
“Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos, entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a cupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas”, afirmou o presidente.
Discursos de Lula e Haddad não agradaram
Em seu discurso de posse, Lula ainda voltou a criticar o teto de gastos, que classificou como “estupidez”, e falou no Estado como indutor do crescimento econômico. O presidente também defendeu uma nova legislação trabalhista e afirmou que, assim como ocorreu em seus governos anteriores, vai incentivar o consumo para alavancar a economia.
Haddad, que fez o discurso de posse nesta segunda, tentou minimizar a fala de Lula e prometeu entregar ao Congresso Nacional, ainda no primeiro semestre deste ano, uma proposta de um novo arcabouço fiscal “que organize as contas públicas no longo prazo”.
“Que seja confiável e, principalmente, respeitado e cumprido. Se você se propõe a uma meta inalcançável, você não tem meta nenhuma. Se você não tem uma meta ambiciosa, você não motiva o país. É nesse equilíbrio que nós vamos exercer o nosso mandato”, afirmou o ministro. Mas suas declarações também repercutiram muito mal na Bolsa.
O Ibovespa, principal índice da B3, operou com grandes perdas durante todo o pregão. Às 16h50, já mais próximo do fim da sessão, o indicador recuava 3,1%, aos 106,3 mil pontos.