Dólar e bolsa fecham em queda à espera de juros no Brasil e nos EUA
Essa foi a quinta queda consecutiva do dólar, que fechou o dia valendo R$ 5,48. Já o Ibovespa caiu 0,35%, registrando 134.643 pontos
atualizado
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A Superquarta, quando serão anunciados os rumos dos juros no Brasil e nos Estados Unidos, derrubou o dólar e a bolsa nesta terça-feira (17/9). A moeda americana fechou o dia em queda de 0,39%, valendo R$ 5,48. Essa foi a quinta queda consecutiva do dólar. Com o resultado, a moeda americana acumulou queda de 1,42% na semana, uma perda de 2,56% no mês e uma alta de 13,10% no ano. Também em queda de 0,35%, o Ibovespa registrou 134.643 pontos.
O volume financeiro negociado na bolsa foi fraco e a soma de todas as operações ficou em R$ 12 bilhões, abaixo da média diária dos últimos 12 meses, que está em R$ 16,6 bilhões.
Por aqui, o mercado aguarda com ansiedade a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O consenso é de aumento de 0,25 p.p. na Selic, o que colocaria a taxa básica de juros no patamar de 10,75% a. a. Na avaliação de Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, a decisão pelo aumento deve ser unânime.
“Uma decisão pela estabilidade da Selic, apesar da melhora do cenário externo, levaria a uma forte perda de credibilidade (na direção contrária do objetivo do BC), acarretando desancoragem adicional das expectativas de inflação, pressão altista sobre a taxa de câmbio, aumento da inclinação da curva de juros e elevação das inflações implícitas”, acredita Goldenstein
A avaliação é semelhante à da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que também espera um aumento de 0,25 p.p. na Selic. Segundo Everton Gonçalves, Diretor de Economia, Regulação e Produtos da ABBC, há elementos técnicos que justificariam a manutenção da taxa Selic, pois desde a última reunião não houve deterioração no balanço de riscos que alterasse expressivamente as projeções do cenário alternativo do Copom que fundamentaram a decisão de manutenção em julho. No entanto, as expectativas inflacionárias para 2025 e 2026 no Boletim Focus acomodaram-se, embora em níveis muito acima da meta.
“Mesmo que com volatilidade, recentemente, o real voltou a se apreciar e o preço do petróleo reduziu-se. Ademais, ainda que com surpresas nos indicadores de atividade, o sentimento é de que os fatores que impulsionaram a economia foram temporários. Como consequência, as projeções de crescimento do PIB no Boletim Focus indicam uma desaceleração para 2025, mitigando as pressões inflacionárias. Por fim, na frente fiscal, as previsões para a evolução das contas públicas não indicam alterações relevantes em relação a julho”, explicou Everton.
Diante dessa expectativa, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) enviou nota manifestando sua posição contrária a qualquer aumento da Selic neste momento. Segundo o documento, assinado por Ricardo Steinbruch, presidente do Conselho de Administração da Abit, o Brasil tem hoje um dos juros reais mais altos do mundo, fator “extremamente nocivo para a indústria, todos os setores produtivos e a economia como um todo, pois dificulta o aumento dos investimentos, impede o crescimento sustentado e sustentável do País e reduz a competitividade das empresas nacionais no cenário global”.
Segundo a nota, a Abit considera infundada a pressão por aumento da taxa de juros e afirma que a indústria têxtil e de confecção, assim como outros setores produtivos, necessitam de um ambiente econômico estável e favorável para investir, gerar empregos e contribuir para o desenvolvimento do País.
Já nos Estados Unidos, a expectativa é que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve corte os juros. Quanto maior a redução nos juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos Treasuries caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil. A decisão será anunciada às 15h.