“Discutir política monetária não é afrontar o BC”, diz Haddad
Ministro Fernando Haddad participou de seminário em SP nesta sexta-feira (19/5) e disse que “a Fazenda e o BC estão procurando conversar”
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a equipe econômica do governo federal e o Banco Central (BC) “estão procurando conversar” para promover uma atuação harmônica entre as políticas fiscal e monetária.
As declarações de Haddad foram dadas durante um seminário promovido pelo BC em São Paulo. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, também participa do encontro.
“Temos de compreender que discutir política monetária não é afrontar a autoridade monetária. Muito pelo contrário. As políticas fiscal e monetária são dois braços de um mesmo organismo, têm de trabalhar em harmonia e concorrer para o mesmo objetivo”, afirmou o ministro.
“A Fazenda e o BC estão procurando conversar, com a relação pessoal mais cordial possível para criar esse novo espaço institucional para nós, em que a população tenha confiança de que as autoridades vão fazer o seu melhor para entregar os melhores resultados para a sociedade”, prosseguiu Haddad.
Em seu pronunciamento, Haddad lembrou que é a primeira vez que um governo eleito assume o mandato desde a lei que garantiu a autonomia do BC. “Estamos fazendo esforços importantes para criar uma nova institucionalidade no Brasil”, disse o ministro.
Inflação e crescimento
Em entrevista coletiva depois de participar do seminário, Haddad repetiu o discurso de que o país deveria ter uma meta de inflação que não se prenda ao chamado ano-calendário, de janeiro a dezembro, e seja mais flexível, com um horizonte móvel.
“O regime de metas no Brasil tem uma especificação que engessa o regime de uma maneira que impõe constrangimentos desnecessários. No mundo inteiro, você fixa uma meta e deixa a autoridade monetária perseguir aquela meta sem se fixar ao dia 31 de dezembro”, afirmou.
Haddad procurou demonstrar otimismo em relação ao desempenho da economia brasileira neste e nos próximos anos.
“As economias centrais enfrentam taxas de inflação com grande dificuldade de trazê-las para o centro da meta. O Brasil vem experimentando uma condição de que as taxas de inflação se reduzem e as projeções de crescimento são revistas para cima”, destacou.
“A obrigação que nós nos impusemos é de crescer acima da média mundial, dado o potencial do Brasil em relação a recursos naturais, recursos humanos, tecnologia”, concluiu Haddad.