Discussões técnicas no BC viraram “temas nacionais”, diz Campos Neto
“Vivemos um ambiente em que todo mundo era analista econômico, como acontece durante uma Copa do Mundo”, brincou Roberto Campos Neto, do BC
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (19/10) que algumas discussões técnicas travadas no âmbito do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, como os fatores que influenciam nas decisões sobre a taxa básica de juros do país, se tornaram “temas nacionais” debatidos pela sociedade.
Em tom descontraído, Campos Neto comparou o debate sobre a atuação do BC, em alguns momentos, com o que ocorre durante as participações da Seleção Brasileira de futebol nas Copas do Mundo.
As declarações foram dadas durante participação do chefe da autoridade monetária em um evento em Cuiabá, promovido pela Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores do Mato Grosso (Fenabrave-MT) e pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado de Mato Grosso (Sincodiv-MT).
“Temas muito particulares ao BC, extremamente técnicos, viraram temas nacionais. Vivemos um ambiente em que todo mundo era analista econômico, como acontece durante uma Copa do Mundo”, afirmou Campos Neto.
Desde o início do ano, o chefe da autoridade monetária vem sendo duramente criticado por integrantes do governo e do PT, inclusive pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma trégua parece ter sido selada a partir da primeira reunião entre ambos, no fim de setembro, no Palácio do Planalto, em encontro intermediado justamente por Fernando Haddad.
Inflação
Em relação ao arrefecimento da inflação no Brasil, Campos Neto afirmou que o índice “está seguindo a trajetória” que o BC considerava “mais provável” neste momento.
“Os núcleos de inflação caíram bastante nos países emergentes, de forma geral”, observou. “O Brasil é um dos poucos países que já têm as inflações esperadas dentro da meta para 2024 e 2025. Quando a inflação sai da meta, isso gera um processo inflacionário em si, que é movido pelas expectativas.”
Campos Neto destacou a atuação do BC, que iniciou o ciclo de queda da taxa básica de juros antes de algumas das principais economias do mundo.
“Os países que subiram os juros antes e mais rápido, e a América Latina se destacou nisso, são aqueles que têm uma aposta de queda maior dos juros”, disse o presidente do BC.
“Quando olhamos os países avançados, percebemos que os núcleos de inflação ainda estão em níveis muito altos. Por isso, vemos os Estados Unidos falando em ter de subir mais os juros. O Reino Unido também está convivendo com núcleos de inflação bastante elevados que não eram vistos há muitos anos”, afirmou.
“Uma forma de fazer as pessoas consumirem mais, e de forma mais estável, é manter uma inflação baixa”, concluiu Campos Neto.