Discurso de novo presidente da Petrobras derruba ações; Bolsa cai 1%
Jean Paul Prates chamou a política de paridade de preços da Petrobras de “dogma” e “abstração”; perspectiva de interferência afetou ações
atualizado
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O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), recuou 1% nesta quinta-feira (2/3), aos 103.325 pontos. Foi a menor cotação desde meados de dezembro. O desempenho do mercado foi afetado pela desvalorização das ações da Petrobras, a segunda empresa de maior peso no índice.
A petroleira recuou 2,6% na Bolsa e foi o papel mais negociado, após declarações de Jean Paul Prates, novo presidente da Petrobras. Em apresentação ao mercado, Prates criticou a política de paridade internacional de preços (PPI), que garante que a petroleira possa vender combustíveis no mercado local pelo mesmo preço do mercado externo. Isso assegura que a empresa não seja usada para subsidiar os combustíveis.
“Não existe bala de prata. O próprio PPI é uma abstração, parece que virou um dogma. Não é necessariamente assim. O mercado brasileiro é diferente”, afirmou Prates, que sempre foi um crítico da paridade de preços.
A penalização das ações decorre da percepção de que, sem a política de preços, a Petrobras deve ter o caixa usado para custear direta ou indiretamente o subsídio a combustíveis. Além disso, o lucro recorde de R$ 188 bilhões da empresa em 2022 virou alvo de críticas de membros da ala política do PT.
O discurso foi interpretado como um sinal de que o lucro distribuído pela empresa será menor, o que por consequência afeta os dividendos.
No lado oposto, as ações da EDP Brasil foram as que mais ganharam valor no pregão do dia. A empresa subiu 14% após anunciar que deixará de ter ações listadas na Bolsa brasileira. A operação de fechamento de capital deverá movimentar mais de R$ 5 bilhões.
Dólar
O dólar encerrou a quinta-feira em alta de 0,25%, aos R$ 5,20. Na semana, a moeda americana opera em ligeira queda de 0,2%.