Nos EUA, dirigentes do Fed cogitam parar de subir juros em junho

Parte dos dirigentes responsáveis pela política monetária do Fed, banco central dos Estados Unidos, passou a cogitar uma pausa nas altas de juros a partir da próxima reunião, em junho.

O debate foi detalhado na ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), responsável pela definição da taxa de juros. O comitê se reuniu nos últimos dias 2 e 3 de maio, e a ata do encontro foi divulgada nesta quarta-feira (24/5).

Desde o ano passado, o Fed promoveu dez altas consecutivas na taxa de juros. O patamar atual é o maior desde agosto de 2007.

A ata da última reunião aponta que os membros do Fomc estavam divididos sobre o que fazer a partir do próximo mês. Enquanto parte dos membros defendeu uma nova alta devido à desinflação vista como “lenta”, outra parte destacou que há uma expectativa de desaceleração na economia americana no segundo semestre, o que removeria a necessidade de intensificar o aperto monetário.

Pausa é defendida por “vários” membros

A ata do Fomc não deu detalhes sobre quantos dos membros defendem cada ponto, mas o comunicado informou que “vários” teriam pontuado que “maior aperto monetário após esta reunião talvez não seja necessário”. Enquanto isso, no termo usado na ata, “alguns” teriam pontuado a necessidade de seguir em trajetória de aperto monetário para garantir uma desinflação mais rapidamente.

Chamou atenção de analistas de mercado nesta quarta-feira o fato de que o texto, com essa escolha de palavras, dá a entender que há maioria no Fomc a favor de uma possível pausa no aperto monetário. Novos dados macroeconômicos divulgados nas próximas semanas devem ajudar a embasar a decisão dos membros até a próxima reunião, marcada para 13 e 14 de junho.

Taxa de juros dos EUA está hoje de 5% a 5,25%

Na última reunião, em maio, a decisão do comitê foi de elevar a taxa de juros americana em 0,25 ponto percentual. A taxa de juros nos EUA está hoje na banda entre 5% e 5,25% (a taxa no país é estabelecida em bandas, diferente do que ocorre com a taxa Selic no Brasil, hoje em 13,75%).

Quando o Fed iniciou o processo de aperto monetário, em janeiro de 2022, a taxa estava quase zerada (entre zero e 0,25%). A decisão por elevar os juros nos EUA ocorreu em meio a pressões inflacionárias no país, que chegou a sua maior inflação em 40 anos em 2022, após o início da guerra na Ucrânia e alta em preços de energia e alimentos.