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Diante da elite global, ONG propõe acabar com bilionários do mundo

Proposta foi feita na abertura do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, pela Oxfam, para quem a desigualdade global aumentou com a pandemia

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Lixo jogado nas ruas de Santa Luzia, na Estrutural - Metrópoles
1 de 1 Lixo jogado nas ruas de Santa Luzia, na Estrutural - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano / Metrópoles

Reduzir o número de bilionários pela metade até 2030 e, no longo prazo, eliminá-los de vez da face do planeta. Como fazer isso? Notadamente, por meio de impostos. Essa foi a proposta apresentada nesta segunda-feira (16/1), no primeiro dia do Fórum Econômico Mundial (FEM), em Davos, na Suíça, pela ONG britânica Oxfram. Criado em 1971, o FEM organiza reuniões anuais com a participação da elite financeira, empresarial e política mundial. A Oxfram é formada por uma confederação de 19 organizações não-governamentais com mais de 3 mil parceiros em 90 países.

E por que eliminar os bilionários? Na avaliação da Oxfam, a existência de cada um deles é uma evidência da “falha de políticas públicas”. “A extrema concentração de riqueza mina o crescimento econômico, corrompe os políticos e os meios de comunicação, corrói a democracia e aumenta a polarização”, anotou a ONG no texto divulgado em Davos. A desigualdade, apontou ainda a documento, é “uma ameaça existencial para as sociedades”.

Aumento da desigualdade desde 2020

E de acordo com o último relatório da Oxfam, houve aceleração da desigualdade e da extrema pobreza no mundo durante a pandemia. Com a Covid-19, desde 2020, o planeta ganhou 573 novos “ultrarricos”, ou seja, um novo bilionário a cada 30 horas. Hoje, existem 2.668 bilionários que, juntos, possuem uma bolada estimada em US$ 12,7 trilhões.

No documento, sob o título “A necessidade urgente de taxar os ricos”, a ONG aponta que as dez pessoas mais abastadas do mundo têm mais riqueza do que os 40% mais pobres juntos. Ainda nessa linha, os 20 maiores bilionários têm mais dinheiro no banco do que todo o PIB da África Subsaariana.

Os endinheirados, anota a Oxfram, ganharam mais dinheiro com a pandemia graças à intervenção pública para combater o coronavírus e às centenas de bilhões de dólares que foram investidos nesse contexto. “Isso é chocante e não é porque eles fizeram escolhas estratégicas e econômicas brilhantes”, afirmou Quentin Parrinello, coautor do relatório.

Desde 2020, aponta o documento da Oxfam, dois terços da riqueza produzida no mundo estão nas mãos do 1% mais rico. Assim, a cada US$ 100 criados, US$ 54,4 dólares foram para os bolsos do 1% mais abonado, enquanto só US$ 0,70 beneficiaram os 50% mais pobres. Os cálculos da ONG apontam também que os bilionários teriam recebido US$ 2,7 bilhões por dia desde o início da crise da Covid-19. Para a entidade, há falta de coragem política para resolver o problema.

Em relação aos tributos, Parrinello aponta que metade dos ultrarricos “vive em países onde não há impostos sobre a sucessão de bens”. “Então, eles podem transmitir todo o seu patrimônio aos herdeiros sem pagar US$ 1 de imposto”, diz.

A apresentação do relatório da Oxfam, com uma análise da desigualdade social no mundo, tornou-se uma tradição no Fórum de Davos. Há uma década, a ONG aproveita a reunião anual das elites globais para chamar a atenção do problema da concentração de riqueza no mundo.

 

 

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