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Desemprego recua para 8%, menor taxa para junho desde 2014

Segundo dados do IBGE, desemprego no país atingiu 8,6 milhões no trimestre encerrado em junho, uma queda de 1,3 ponto percentual ante 2022

atualizado

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1 de 1 Pessoa segurando carteira de trabalho - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A taxa média de desemprego no Brasil ficou em 8% no trimestre encerrado em junho deste ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados nesta sexta-feira (28/7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice recuou 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em março (8,8%) e caiu 1,3 ponto percentual, na comparação com o mesmo período do ano passado (9,3%). Trata-se da menor taxa de desemprego para um trimestre encerrado em junho desde 2014.

A taxa de desemprego veio mais baixa do que as estimativas do mercado. O consenso Refinitiv, que reúne as principais projeções, estimava um índice de desocupação de 8,2%.

A população desocupada (8,6 milhões) recuou tanto na comparação trimestral (-8,3%) quanto na anual (-14,2%).

Já a população ocupada (98,9 milhões) cresceu 1,1% em relação ao trimestre anterior e 0,7%, na comparação com o mesmo período de 2022.

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, a queda do desemprego no segundo trimestre indica a retomada do padrão sazonal desse indicador.

“Pelo lado da ocupação, destaca-se a expansão de trabalhadores na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, no trimestre e no ano”, afirma.

Desempenho por atividade

Na comparação com o trimestre móvel anterior, de acordo com o levantamento do IBGE, houve aumento da população ocupada nos segmentos de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,2%). Os demais grupos não apresentaram variação significativa.

Já na comparação com o mesmo período de 2022, houve aumento da população ocupada em transporte, armazenagem e correio (4,3%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (2,9%) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (4,6%).

Houve queda nos segmentos de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-5%) e construção (-4,6%).

Rendimento real

O rendimento real habitual (R$ 2.921,00) ficou estável em relação ao trimestre anterior e teve crescimento de 6,2% na base anual.

A massa de rendimento real habitual (R$ 284,1 bilhões) também ficou estável, na comparação trimestral, mas teve avanço de 7,2% na base anual.

No trimestre móvel encerrado em junho deste ano, a força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 107,6 milhões de pessoas, permanecendo estável em relação ao trimestre anterior.

“Na comparação trimestral, o crescimento da população ocupada não foi suficiente para, diante da estabilidade do rendimento, provocar aumento da massa. Já no ano, temos um panorama em que tanto a população ocupada quanto o rendimento sobem, ou seja, mais pessoas trabalhando e com maiores remunerações”, afirmou Beringuy.

Principais resultados da pesquisa

  • Taxa de desocupação: 8%
  • População desocupada: 8,6 milhões
  • População ocupada: 98,9 milhões
  • População fora da força de trabalho: 67,1 milhões
  • População desalentada: 3,7 milhões
  • Empregados com carteira assinada: 36,8 milhões
  • Empregados sem carteira assinada: 13,1 milhões
  • Trabalhadores por conta própria: 25,2 milhões
  • Trabalhadores domésticos: 5,8 milhões
  • Taxa de informalidade: 39,2%

Análise e projeções

Para Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, “grande parte da estabilização do desemprego em patamar baixo ainda se deve as pessoas consideradas aptas a trabalhar, mas que não estão procurando emprego”.

“Vale ressaltar que a taxa de participação vem sendo o pilar da análise do mercado de trabalho há um tempo e essa mudança de tendência na ponta pode indicar uma desaceleração, ainda que não tenha refletido nos números mais recentes”, afirma Caruso.

“De modo geral, como era esperado, a leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte, inclusive nos surpreendendo em termos de menor desemprego. No entanto, olhando à frente, entendemos que a perda do fôlego da atividade econômica, em conjunto com o aumento da taxa de participação corrente, contribuirão para um aumento da taxa de desemprego de forma lenta, ou seja, este ainda resistirá em patamares historicamente baixos por mais um bom tempo.”

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, compartilha dessa avaliação. “Na nossa visão, o segundo semestre deste ano deve ser marcado por uma desaceleração mais acentuada nos dados de atividade, o que impactar negativamente o mercado de trabalho”, diz.

“No entanto, acreditamos que a taxa de desemprego deve ficar abaixo de 8% ao final de 2023. Vale lembrar que estes patamares se encontram abaixo da média histórica brasileira, que é de cerca de 10%.”

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