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“Delírio da pandemia”: sede da XP no interior de SP tem obra parada

A corretora XP já teria investido quase R$ 400 milhões em projeto Villa XP, sede em São Roque (SP) que estava sendo construída desde 2021

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Villa XP
1 de 1 Villa XP - Foto: Reprodução

“Um delírio da pandemia”. Foi assim que uma fonte próxima à XP definiu o projeto da corretora de investimentos de construir uma sede em São Roque, cidade que fica a 70 quilômetros da capital São Paulo.

A Villa XP, anunciada em meados de 2020, era um projeto ambicioso. Na época, a empresa comprou um terreno de mais de 700 mil metros da JHSF, administradora do grupo Fasano, por cerca de R$ 100 milhões.

O plano era construir no interior paulista algo como a Apple construiu em Cupertino, em meio ao verde do Vale do Silício, na Califórnia. A nova sede seria uma base fora de São Paulo, longe do trânsito e dos problemas da capital, mas ainda perto o suficiente para idas dos funcionários ao escritório, em um regime de trabalho híbrido.

“(A Villa XP) será um ambiente inspirador, integrado com a natureza, autosustentável e conectado com o primeiro aeroporto executivo internacional da América Latina”, escreveu Guilherme Benchimol, em 2021, em uma postagem do LinkedIn que trazia também um vídeo da área adquirida da JHSF.

Além do aeroporto, que já está em operação, a nova sede da corretora seria vizinha do condomínio megaluxuoso Boa Vista e de um complexo multiuso (com residências, resort e lojas) chamado Catarina Town – todos projetos sob a batuta da JHSF.

A aposta era grande. A XP chegou a devolver mais da metade dos sete andares que ocupava no SP Corporate Towers, um dos mais caros e disputados espaços da região da Faria Lima. O plano era finalizar a obra “megalomaníaca” no interior de São Paulo até o final de 2022.

“A empresa ‘enterrou’ quase R$ 400 milhões no projeto e a obra não saiu do chão”, diz uma fonte a par do assunto, sob a condição de anonimato.

O processo de terraplanagem foi feito, mas a obra está paralisada, sem a menor perspectiva de retomada. A Villa XP está oficialmente “engavetada”, segundo essa fonte.

Tanto é que a XP tem voltado a ocupar o espaço de antes nas proximidades da Faria Lima. A diferença é que encontrou, agora, um custo mais elevado de locação do espaço.

Tempestade perfeita

Os problemas da “sede rural” começaram com a dificuldade na obtenção de licença ambiental. Localizada numa região de reflorestamento por eucalipto, a construção de São Roque depende de uma série de documentos municipais e estaduais, que não saíram tão rapidamente quanto a empresa esperava.

Depois, a disparada no custo das obras e os problemas com fornecedores multiplicaram o orçamento do projeto. Por fim, o parco resultado financeiro da XP em 2022 fez a empresa cortar todo tipo de despesa extra, inclusive o bônus dos funcionários. Investir em uma nova sede, nesse cenário, ficou fora dos planos.

No último trimestre de 2022, a XP registrou um lucro de R$ 783 milhões, o que representa um ganho 24% menor em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, o resultado ficou estagnado.

As receitas e a captação de recursos foram menores em todas as linhas (tanto com clientes de varejo, como pequenos investidores, como para o atacado, composto por grandes investidores). No acumulado do ano, a captação encolheu 10%.

Procurada pelo Metrópoles, a XP disse que não se pronunciaria.

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