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Datafolha: 75% de motoristas e entregadores rejeitam contratação via CLT

Apenas 14% dos entrevistados pelo Datafolha disseram preferir um vínculo de emprego via CLT para ter acesso aos benefícios trabalhistas

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1 de 1 Imagem colorida mostra entregador do iFood andando de bicicleta pela ciclovia da avenida Paulista, em São Paulo - Metrópoles - Foto: Divulgação / iFood

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha para a Uber e o iFood mostra que três de cada quatro motoristas e entregadores que trabalham com os aplicativos de mobilidade e entrega preferem manter o modelo atual, em vez de uma eventual contratação pelo regime CLT, mesmo que tivessem acesso aos benefícios trabalhistas previstos na legislação.

Para a grande maioria desses trabalhadores, a CLT é uma ameaça à autonomia e flexibilidade que eles têm hoje, quando podem escolher seus próprios horários e recusar viagens a qualquer momento.

De acordo com o levantamento “Futuro do Trabalho por Aplicativo”, divulgado nesta segunda-feira (22/5), 75% dos motoristas e entregadores de aplicativo preferem o sistema atual ao regime CLT.

Apenas 14% dos motoristas e entregadores disseram preferir um vínculo de emprego via CLT para ter acesso aos benefícios trabalhistas.

A pesquisa também perguntou aos entrevistados se o modelo chamado de “CLT intermitente” atende às suas necessidades. Trata-se de uma modalidade de contrato de trabalho com carteira assinada por meio da qual trabalhador e empresa formalizam um vínculo de emprego, independentemente de o funcionário ser ou não chamado para trabalhar. Sete de cada 10 motoristas e entregadores responderam que esse modelo não lhes interessa. Somente 14% disseram que aprovam o sistema.

Segundo o levantamento do Datafolha, 76% dos motoristas e entregadores desejam continuar trabalhando por meio de aplicativos.

Direitos e benefícios

Quando perguntados sobre direitos e benefícios, sete em cada 10 motoristas e entregadores (68%) disseram que concordariam em contribuir com a Previdência caso as plataformas automatizassem o processo por meio da tecnologia.

Para 89% dos entrevistados, é importante garantir certos direitos e benefícios, desde que eles não interfiram na flexibilidade do trabalho. Apenas 11% afirmaram ser favoráveis à garantia de todos os direitos trabalhistas mesmo que isso signifique menor flexibilidade.

Seis de cada 10 entrevistados fazem contribuições ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou possuem previdência privada. Ao todo, 30% contribuem com a Previdência Social por meio de outras ocupações de trabalho e 25% dizem realizar a contribuição como profissional autônomo, em modelos como o Microempreendedor Individual (MEI).

Um de cada três motoristas e entregadores (36%) afirma não contribuir com a Previdência, seja pública ou privada. Os principais motivos relatados são o valor da mensalidade (34%) e a burocracia (21%).

“O trabalho intermediado por aplicativos é uma realidade para 1,7 milhão de motoristas e entregadores no Brasil, que encontraram uma alternativa para gerar renda, de maneira até concomitante, com flexibilidade para transitar entre ofícios”, diz Debora Gershon, head de DataPolicy e Relações Acadêmicas do iFood.

Para Rafael Alloni, gerente de Relações Governamentais da Uber, a pesquisa do Datafolha “oferece dados para ampliarmos a compreensão sobre os desafios e as oportunidades em relação ao trabalho em plataformas digitais no Brasil”. “As preferências desses trabalhadores, indicadas no estudo, apontam para a importância da construção de uma política pública que garanta mais proteção sem prejudicar a liberdade e a geração de renda de milhões de pessoas”, avalia.

O Datafolha fez 2.800 entrevistas com motoristas (1.800) e entregadores (1.000) parceiros da Uber e do iFood, em todo o Brasil, entre janeiro e março de 2023. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. O relatório do levantamento pode ser acessado aqui.

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