Dados do IPCA exigem corte mais lento de juros, dizem especialistas
Números da área de serviços e resistência do núcleo da inflação devem minar a chance de redução de 0,50 ponto percentual da Selic em agosto
atualizado
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O resultado do IPCA veio dentro das expectativas do mercado, apresentando, em junho, deflação de 0,08% – a primeira em dez meses. Alguns analistas, porém, enxergaram “pontos de atenção” nos números divulgados nesta terça-feira (11/7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, eles acreditam que os juros devem cair no país a partir de agosto, mas num ritmo mais lento do que o esperado por boa parte do mercado.
Em nota, a gestora de investimentos Rio Bravo, por exemplo, observou “seguem preocupando as medidas da inflação de serviços, que permanecem elevadas e não condizentes com a meta do Banco Central (BC)”. “Além disso”, destaca o comunicado, “a média dos núcleos (a inflação, sem considerar os extremos das variações dos preços) também veio acima das expectativas”.
O resultado desses dois itens não altera a projeção da gestora, que é de redução dos juros por parte do BC para o restante do ano, “mas afasta a ideia de que os primeiros cortes possam ser mais agressivos”, ou seja, “de 0,50 ponto percentual”. Com isso, o ciclo deve se iniciar de forma mais gradual, com 0,25 ponto percentual.
A economista Andréa Angelo, da corretora Warren Rena, tem avaliação semelhante. Ela diz que três itens dentro do grupo de serviços “chamaram a atenção”, com aceleração maior da inflação maiorr do que a esperada. Foram eles os tópicos “cabeleireiro, seguro de automóvel e alimentação fora do domicílio”.
Ainda assim, “mesmo com os indicadores um pouco piores do que o esperado”, afirma Andréa, eles não são suficientes para alterar a avaliação da gestora sobre a desaceleração da inflação. “Porém, reconhecemos que a velocidade de arrefecimento está aquém da projetada”, diz. “Avaliamos que isso pode reforçar os argumentos da ala mais cautelosa do Copom (o Comitê de Política Monetária do BC)”. Algo que resultaria num corte de 0,25 ponto percentual dos juros em agosto.