Da seca ao ataque de bactérias: entenda por que o azeite está tão caro
Levantamento mostra que preço subiu quase 100% de 2021 a novembro deste ano. Só em 2023, elevação foi de 36%, para uma inflação de 4,04%
atualizado
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Quem vai às compras nos supermercados, não escapa de um bom susto neste Natal, quando passa pela seção dos azeites de oliva. Um levantamento feito pela empresa de inteligência de mercado Horus mostra que o preço médio do litro do produto saltou de R$ 44,25, em janeiro de 2021, para R$ 86,19, em novembro deste ano. A elevação foi de 95%. Se considerado apenas o ano de 2023, o aumento foi de 36% – isso para uma inflação de 4,04% no mesmo período.
Assim, a pergunta é: afinal, o que está acontecendo com o preço do azeite? E a resposta é tão surpreendente quanto a escalada do valor. O aumento, observam especialistas, é resultado principalmente de quebras sucessivas de safras, ocorridas nas regiões do mundo onde se concentram os maiores produtores do óleo.
Para a Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva), a grande vilã da história está nas “mudanças climáticas que assolam o planeta”. Analistas também indicam como fonte paralela do problema a ação da bactéria Xylella, que ataca as plantações.
Longa seca
O fato é que, na Europa, em 2022, muitas oliveiras foram afetadas por um longo período de seca. Com isso, houve queda na produção de azeitonas, das quais o azeite é extraído. O ano passado marcou a pior safra da história do produto, com redução de 26%, se comparada à média anual. A expectativa era de melhora em 2023, mas isso não ocorreu.
O resultado foi que, em agosto, o preço do azeite em algumas regiões da Espanha, responsável por mais de 40% da produção global do óleo, chegou a 8,20 euros (R$ 44,60) por quilo. Isso representou mais do que o dobro dos 3,80 euros por quilo no mesmo mês do ano anterior. O pulo, nesse caso, foi de 116%.
Dados da empresa de inteligência de mercado e preços de commodities Mintec mostram que a Espanha produz entre 1,3 e 1,5 milhão de toneladas métricas de azeite por ano. Na safra 2022/2023, contudo, esse número ficou em cerca de 610 mil.
O Brasil é um dos maiores importadores de azeite do mundo, ao lado de Japão, Estados Unidos e Canadá. A produção nacional representa apenas cerca de 1% do consumo de azeites extra virgens no país.