CVM acusa oito ex-diretores da Americanas de “insider trading”
A lista de acusados inclui ex-CEO, colaborador da varejista e investigados pela PF. Agora, grupo deve apresentar defesa à autarquia
atualizado
Compartilhar notícia
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou na noite desta sexta-feira (18/10) que oito ex-diretores da Americanas foram acusados em inquérito sobre o uso de informações privilegiadas (“insider trading”) na negociação de ações da varejista. A transação dos papéis ocorreu antes da divulgação do fato relevante de 11 de janeiro de 2023, que indicou “inconsistências contábeis” no balanço da companhia. Posteriormente, o problema foi classificado como uma fraude, estimada em R$ 25,2 bilhões.
Foram acusados pela CVM o ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, além de Marcio Cruz Meirelles, José Timotheo de Barros e Anna Christina Saicali. A lista também incluiu os nomes de Fabio da Silva Abrate, Marcelo Nunes e João Guerra Duarte Neto (diretores executivos não estatutários) e Fellipe Arantes Lourenço Bernardazzi (superintendente de contabilidade).
Marcelo Nunes, que consta na relação, assinou um acordo de colaboração premiada com a empresa e suas declarações estão sendo amplamente usadas na investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) sobre o caso. Agora, observou a CVM no comunicado, todos os acusados poderão apresentar suas defesas.
No inquérito, observa a autarquia, foram ouvidos, por meio de depoimento ou durante a inspeção na companhia, alguns funcionários e ex-funcionários da Americanas, além de executivos e ex-executivos. Esse foi o caso de Sergio Rial (ex-CEO) e André Covre (ex-diretor financeiro), que assumiram os cargos no início de janeiro. Rial anunciou o problema ao mercado no fato relevante de 11 de janeiro.
Também constam da relação de pessoas ouvidas pela CVM José Timotheo Barros, Anna Saicali, Marcio Cruz e Miguel Gutierrez. Isso além do ex-conselheiro e acionista de referência da empresa Carlos Alberto Sicupira, sócio de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, e Eduardo Saggioro.
Na nota, a CVM diz que ao longo do inquérito foram enviados ofícios a corretoras de valores mobiliários solicitando documentos cadastrais de investidores, evidências de transmissões de ordens de compra e venda de ações da Americanas e notas de corretagem. Também foram analisados negócios e realizadas oitivas de investidores. Além disso, houve troca de informações e documentos junto ao autorregulador da bolsa de valores (BSM). Nesse inquérito, foram pré-selecionados investidores que atuaram de forma suspeita.
Na peça de acusação, afirmou a autarquia, “reuniram-se elementos robustos, contundentes e convergentes que são capazes de sustentar acusações, agora em andamento no Processo Administrativo Sancionador”.