CVM abre processo para analisar denúncias do Itaú contra ex-diretor
Medida tem como objetivo iniciar a avaliação do caso em que banco acusa ex-CFO de ter “violado políticas internas”
atualizado
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A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu nesta segunda-feira (9/12) um processo administrativo para análise de informações no qual questiona o Itaú sobre “notícias, fatos relevantes e comunicados” divulgados. No sábado (7/12), a instituição financeira tornou públicas acusações contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro do banco, e o especialista em contabilidade Eliseu Martins.
Os processos administrativos são medidas corriqueiras tomadas pela CVM. Eles indicam a realização de uma avaliação preliminar sobre, por exemplo, informações divulgadas ao mercado. Concluída a análise inicial, eles podem se transformar em processos sancionadores. No caso específico da atual medida, o Itaú não está sendo investigado, mas convocado para esclarecer os fatos.
Por conta da gravidade das acusações feitas contra Broedel, representantes do banco já haviam se reunido com integrantes da CVM.
No sábado (7/12), o Itaú Unibanco publicou uma ata de uma assembleia geral extraordinária de 5 de dezembro de 2024, na qual acusava Alexsandro Broedel de ter agido “em violação às políticas internas e à legislação e à regulamentação aplicável” , além de ter atuado “em grave conflito de interesses, e em benefício próprio, no relacionamento com determinado e específico fornecedor de pareceres”.
Em nota também divulgada no sábado (7/12). o Itaú acrescentou que, nos últimos cinco anos, Broedel aprovou contratações de pareceres e pagamentos no valor total de R$ 13,2 milhões, sendo 10,45 milhões entre 2022 e 2024, para empresa ligada a um fornecedor do qual era sócio. No caso, o fornecedor é Eliseu Martins, considerado um dos maiores especialistas em contabilidade do país.
Nesse comunicado, disse o banco: “Foram apurados, ainda, fortes indícios de que o fornecedor redirecionava parte do recebível diretamente para contas de Alexsandro Broedel Lopes, em 23 transferências, realizadas no período de 2019 a 2024, no valor total de R$ 4,86 milhões, primordialmente para contas em outras instituições, usando empresa intermediária”.
Broedel e Martins, contudo, contestaram as denúncias. Em nota também divulgada no fim de semana, o ex-diretor do Itaú afirmou por meio da assessoria de comunicação que as acusações eram “infundadas e sem sentido”.
“Alexsandro Broedel sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades ao longo dos seus 12 anos no banco – algo nunca contestado pelo Itaú, que tem uma rigorosa e abrangente estrutura de controle e compliance, própria de um grupo financeiro com seu porte e importância na economia brasileira.
“O parecerista mencionado pelo Itaú (no caso, Eliseu Martins) já prestava serviços ao banco há décadas, muito antes de Broedel ser convidado para a diretoria da instituição. Os serviços mencionados eram do conhecimento do Itaú e requeridos por diferentes áreas do banco.
“Causa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a renúncia aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes, cumprindo o período de quarentena definido pelo banco.
“Alexsandro Broedel tomará as medidas judiciais cabíveis neste caso”.