CPI da Americanas: ex-diretora da varejista nega ter cometido fraude
Anna Saicali havia sido acusada pela atual cúpula da empresa de ter participado da falcatrua que gerou rombo de R$ 20 bilhões na companhia
atualizado
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A ex-diretora da Americanas Anna Christina Ramos Saicali negou ter participado de qualquer fraude na varejista, em breve depoimento realizado nesta terça-feira (5/9), em sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Câmara dos Deputados, que trata do rombo fical de pelo menos R$ 20 bilhões na empresa.
Na CPI, Anna Christina valeu-se de habeas corpus que lhe garantiu o direito de não responder às perguntas dos deputados. Ainda assim, declarou inocência. Em comunicado divulgado ao mercado pela nova gestão da companhia, em 13 de junho, ela foi apontada como uma das participantes da falcatrua, ao lado de Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, e de outros diretores da companhia.
Durante a sessão, diversos parlamentares questionaram o fato de a CPI estar prester a encerrar seus trabalhos, o que deve ocorrer no dia 14 deste mês, e não ter ouvido os integrantes do trio de acionistas de referência da Americanas, formado por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Mesmo assim, o relatório final sobre os trabalhos já foi concluído e apresentado na segunda-feira (4/9) pelo deputado Carlos Chiodini (MDB-SC). O documento não incrimina ninguém, mas atribui a responsabilidade pela fraude a integrantes da antiga diretoria da varejista.
“Pizza”
Pouco antes da sessão, o deputado Tarcísio Motta (PSol-RJ) havia gravado um vídeo dizendo que a CPI estava “armada para virar pizza”, uma vez que não “foi permitido” aos deputados ouvir os principais acionistas da empresa. Na mesma linha, mas durante a sessão, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) observou que o pedido de depoimento dos acionistas nem sequer foi submetido ao plenário da Comissão. “Tem uma blindagem impressionante”, disse. “É fácil ser bilionário.”
O relator Chiodini afirmou que o fato de não escutar os acionistas e não incriminar ninguém não eram demostrações de “incompetência” por parte da Comissão, mas, sim, de “prudência”. Isso por “não acusar pessoas sem provas”. Ele acrescentou que outras investigações sobre o episódio estão em curso na Polícia Federal e no Ministério Público Federal. Ambas, avaliou o parlamentar, poderão indicar culpados.
O presidente da CPI, o deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), deu opinião semelhante. Ele também fez comentários sobre uma carta encaminhada à Comissão pelo ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez. No texto, com 17 páginas, o executivo também nega ter participado da fraude e afirma que os acionistas, notadamente, Sicupira, tinham participação ativa no comando da empresa. Para Ribeiro, no entanto, o carta não continha “nada de novo”. “A gente sabe que acionistas de referência não participam do dia a dia da gestão”, disse.