Coteminas planeja demitir 700 pessoas em fábrica de Blumenau
Sindicato diz que, em crise, empresa que pertence ao presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, quer parcelar verbas rescisórias em 15 vezes
atualizado
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A Coteminas planeja demitir cerca de 700 trabalhadores da fábrica de Blumenau, em Santa Catarina. A informação foi divulgada nesta terça-feira (4/7) pelo Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial (Sintrafite). A empresa, com unidades em diversos pontos do país, pertence ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva (foto em destaque).
De acordo com Carlos Alexandre Maske, presidente do Sintrafite, o corte planejado corresponde a cerca de 70% da força de trabalho da companhia na cidade catarinense. “A Coteminas diz que a indústria tem 1,2 mil funcionários, mas, quase 200 estão afastados”, afirma o sindicalista. “Assim, na prática, perto de mil pessoas trabalham na fábrica.”
Maske afirma que, na semana passada, o sindicato foi informado sobre uma possível demissão de 200 funcionários. Eles teriam as verbas rescisórias (FGTS, por exemplo) quitadas em 24 meses. “Mas, no dia seguinte, fomos chamados à empresa e veio a informação de que cerca de 700 seriam demitidos, com o pagamento da rescisão em 15 parcelas.”
Em assembleia realizada na segunda (3/7), acrescenta Maske, a proposta foi rejeitada pelos trabalhadores. Na ocasião, os funcionários chegaram a considerar a possibilidade de organizar um protesto na sede da Fiesp, na Avenida Paulista, em São Paulo. “Essa hipótese ainda não está descartada”, diz o sindicalista.
Sobre o caso, a Coteminas informou, por meio de nota, que a “unidade industrial localizada em Blumenau passará por ajustes de produção e implantará um novo modelo de trabalho”. Ele “exigirá novos equipamentos industriais e a adequação do seu quadro de pessoal”.
Crise
A crise na Coteminas não é nova. Em Blumenau, afirma o líder do Sintrafite, ela se agravou no fim de 2021. Desde então, ocorreram atrasos recorrentes no pagamento dos salários e nos depósitos do FGTS. Por duas vezes, cerca de 500 trabalhadores entraram em regime de “layoff”. Nesse caso, parte da remuneração dos empregados é feita pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A empresa faz uma complementação para atingir o total do salário líquido dos funcionários.
No fim de abril, porém, o valor de mercado da Coteminas deu um salto de quase 270% na Bolsa de Valores num só pregão. Ele passou de R$ 76 milhões para R$ 281 milhões, depois do anúncio de um acordo para a produção de artigos da marca chinesa Shein, no Brasil.