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Copom pede “serenidade”, mas abre caminho para corte de juro em agosto

Em ata divulgada nesta terça-feira (27/6), Copom pede “serenidade e paciência”, mas fala em “processo parcimonioso de inflexão” na Selic

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1 de 1 Banco Central do Brasil BACEN - Copom - Metrópoles - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Seis dias depois de decidir pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (27/6) a ata da última reunião do colegiado, reiterou as preocupações com a resiliência da inflação no Brasil, mas abriu caminho para a possibilidade de “um processo parcimonioso de inflexão” a partir do próximo encontro do comitê, em agosto.

De acordo com a ata do Copom, o processo de desinflação no Brasil teve velocidade maior em um estágio inicial, mas, neste momento, vem ocorrendo de forma mais lenta, o que demanda “serenidade e paciência na condução da política monetária”.

“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, diz o Copom.

“Outro grupo mostrou-se mais cauteloso, enfatizando que a dinâmica desinflacionária ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário até então implementado”, prossegue a ata. “Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo.”

Ainda de acordo com a ata, “os membros do comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Desinflação mais lenta

Na ata divulgada nesta terça, o Copom afirma que o processo de desinflação que se oberva atualmente “é menor e os núcleos de inflação, que respondem mais à demanda agregada e à política de juros, se reduzem em menor velocidade, respondendo ao hiato do produto e às expectativas de inflação futura”.

O Comitê reafirma que o processo desinflacionário em seu atual estágio demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas”, diz o colegiado.

Segundo o comitê, “as expectativas de inflação seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional, tendo havido uma pequena diminuição da desancoragem na margem”. “O Comitê segue avaliando que expectativas desancoradas elevam o custo de trazer a inflação de volta à meta”, diz o colegiado.

“Nesse contexto, o Comitê reforça que decisões que induzam à reancoragem das expectativas e que elevem a confiança nas metas de inflação contribuiriam para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária.”

No documento divulgado pelo BC, o Copom afirma que, de forma unânime, “avalia que flexibilizações do grau de aperto monetário exigem confiança na trajetória do processo de desinflação, uma vez que flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário e, consequentemente, levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário”.

“A materialização desse tipo de cenário pode impactar negativamente não apenas a credibilidade da política monetária, mas também as condições financeiras”, diz o comitê.

Ambiente externo “adverso”

De acordo com a ata do Copom, “o ambiente externo se mantém adverso”. “Apesar da atenuação do estresse envolvendo bancos nos EUA e na Europa e do limitado contágio sobre as condições financeiras até o momento, a situação segue requerendo monitoramento”, diz o comitê. “Nota-se, entretanto, um aperto nos mercados de crédito nos EUA com impactos ainda incertos, mas com viés negativo para o crescimento.”

O Copom afirma, ainda, que “os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente”.

“Em diversos países, as leituras de inflação recentes apontam para alguma estabilização dos núcleos de inflação em patamares superiores às suas metas e reforçam o caráter persistente do atual processo inflacionário”, diz a ata.

“Além disso, no período recente, notou-se a retomada do ciclo de elevação de juros em algumas economias e a sinalização majoritária de um período prolongado de juros elevados para combater as pressões inflacionárias, o que demanda maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes.”

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