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Copom mantém Selic em 10,50% ao ano pela segunda vez

Medida anunciada pelo órgão do BC era esperada pelos agentes de mercado, que veem incertezas persistirem no ambiente interno e externo

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Banco Central do Brasil BACEN. Brasília focus - Metrópoles
1 de 1 Banco Central do Brasil BACEN. Brasília focus - Metrópoles - Foto: Breno Esaki/Metrópoles

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (31/7), manter a taxa básica de juros do país, a Selic, em 10,50%. Na última reunião do Copom, realizada em junho, o ciclo de cortes dos juros foi interrompido no Brasil, depois de ter começado em agosto de 2023.

A medida era esperada pelo mercado. De acordo com dados de quarta-feira (30/7), 94,5% dos investidores apostaram na permanência da Selic no atual patamar, no segmento de Opções de Copom, da Bolsa brasileira (B3).

E a tendência é que a Selic não saia desse patamar ao longo de 2024. É isso o que indica, por exemplo, o Relatório Focus, a pesquisa semanal realizada pelo BC com agentes econômicos. Há seis semanas, as projeções dos analistas apontam que os juros básicos ficarão em 10,50% até o fim deste ano.

Incertezas persistem

A manutenção da Selic em 10,50%, na análise do Copom e de agentes econômicos, é resultado da persistência de incertezas no ambiente tanto interno como externo – o que poderia levar a um recrudescimento dos preços no mercado nacional. E a missão básica do BC, responsável pela execução da política monetária do país, é garantir o cumprimento da meta de inflação, fixada em 3% ao ano.

Juros dos EUA

No cenário externo, o principal dilema econômico concentra-se nos juros dos Estados Unidos, que foram mantidos nesta quarta-feira (31/7) no intervalo de 5,25% e 5,50%, o maior patamar desde 2001. 

Com uma taxa nesse nível, os títulos da dívida americana, os Treasuries, tornam-se especialmente atrativos e atuam como aspiradores de dólares no mercado mundial. Isso reduz o interesse dos investidores por ativos de renda variável, como as ações negociadas em Bolsa, e exerce pressão de alta sobre a moeda americana, notadamente em países emergentes. Quando o dólar sobe, ele atua como um fator de pressão inflacionária no mercado nacional.

Novela fiscal

No Brasil, apontam analistas, as incertezas estão especialmente voltadas para o cumprimento da meta fiscal (a relação entre receitas e despesas do governo). Na semana passada, Brasília anunciou um contingenciamento de R$ 4 bilhões, além de um bloqueio de R$ 11 bilhões, para manter o déficit primário (antes do pagamento de juros) no limite inferior da meta deste ano, que é de 0,25% do PIB. Há, contudo, fortes dúvidas se esses valores serão suficientes para alcançar tal objetivo (leia mais sobre esse assunto neste link).

Inflação “desancorada”

Além disso, as projeções para a inflação no Brasil não param de crescer, como também aponta o Relatório Focus. Na última edição do boletim, divulgada na segunda-feira (29/7), a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024 chegou a 4,10%. Em junho, estava em 3,90%.

No fim de maio, a estimativa de inflação para 2026 foi alterada para cima pela primeira vez depois de 46 semanas sem registrar qualquer mudança – ou seja, um período de quase um ano. Nesse caso, ela passou de 3,50% para 3,58%. Agora, já está em 3,60%. Tais projeções fazem com que a inflação, no linguajar do BC, fique “desancorada”, ou seja, distante da meta.

Montanha-russa

A trajetória da Selic registrou grandes variações nos últimos quatro anos. Entre 6 de agosto de 2020 e 18 de agosto de 2021, ela permaneceu em 2% ao ano, o nível mais baixo desde novembro de 1997.

A partir daí, ela só fez subir até alcançar 13,75% ao ano, em 4 agosto de 2022, puxada pela crise da pandemia. Um ano depois, em 3 de agosto de 2023, o Banco Central iniciou o ciclo de queda, com seis cortes seguidos de 0,50 ponto percentual, até que a Selic chegasse a 10,75% em março de 2024. Em maio, o Copom diminuiu o ritmo das reduções, promovendo uma queda de 0,25 ponto percentual. Na ocasião, a Selic chegou aos 10,50%. O número foi confirmado em junho e, agora, mantido pela segunda vez.

As reuniões do Copom

O Copom é formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e pelo corpo de oito diretores do órgão. O colegiado reúne-se a cada 45 dias em duas sessões. No primeiro encontro, são realizadas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia, notadamente sobre o comportamento da inflação, das contas públicas e do cenário externo. No segundo dia, é definido o valor da taxa Selic.

Em 2024, o órgão do BC realizará mais três reuniões. Elas estão agendadas para 17 e 18 de setembro, 5 e 6 de novembro, além de 10 e 11 de dezembro.

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