Copom deve manter ritmo de cortes até o fim do ano, dizem economistas
Economistas ouvidos pelo Metrópoles dizem que ata do Copom não surpreendeu o mercado, que já precifica taxa Selic em 11,75% no fim de 2023
atualizado
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A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira (8/8), veio dentro das expectativas do mercado, sinalizando a manutenção do ritmo de corte da taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.
Se isso ocorrer, as estimativas do Relatório Focus, que reúne as principais projeções do mercado para a economia, devem se confirmar – e os juros básicos terminariam 2023 em 11,75% ao ano.
Segundo economistas ouvidos pelo Metrópoles, há pouco espaço para surpresas nas próximas reuniões do Copom. Tanto o comunicado que acompanhou a decisão pela queda da Selic para 13,25% ao ano quanto a ata divulgada nesta manhã deixam claro que o comitê deve manter o ritmo de redução em 0,5 ponto percentual.
“Eles tentaram adotar um tom mais duro para compensar o fato de terem optado por começar o ciclo de cortes de forma mais agressiva. A preocupação do Copom é segurar a curva na unha ou no gogó e evitar que o mercado precifique chances muito grandes de aceleração do ritmo de cortes”, afirma Marco Caruso, economista-chefe do PicPay.
Para Caruso, “o cenário básico é de vários cortes de 50 pontos-base (0,5 ponto percentual)” nas próximas reuniões. “Não é qualquer surpresa de inflação menor que fará o BC rever o plano de voo de 50 pontos-base. Seriam necessárias surpresas expressivas”, diz o economista.
André Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, também descarta um eventual corte de 0,75 ponto percentual nos juros.
“Fica claro que é consenso não aumentar o ritmo dos cortes, esvaziando, portanto, pequenas apostas do mercado de um corte de 75 pontos-base ainda neste ano. Isso não deve acontecer em 2023”, avalia.
“Acredito que não haverá alterações no ritmo de cortes da Selic para este ano, mantendo o ritmo de 50 pontos-base em cada reunião, que já está contratado pelo mercado, levando a Selic para 11,75% no fim de 2023”, afirma Fernandes.
Caruso, por sua vez, não descarta uma redução de 75 pontos-base na última reunião do Copom em 2023, no fim do ano, embora não aponte essa possibilidade como a mais provável neste momento.
Fiscal ainda preocupa
Apesar da melhora do cenário econômico doméstico, como atesta o próprio Copom na ata, Marco Caruso alerta para incertezas que ainda permanecem em relação ao quadro fiscal do país. O projeto do novo marco fiscal, aprovado pela Câmara, segue parado no Senado.
“Por enquanto, temos um descompasso em relação ao que o governo promete de meta de primário e o que o marco fiscal vai te entregar. Estamos caminhando para uma sequência de déficits fiscais se nada for feito”, conclui.