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Copom: Banco Central vai ceder à pressão de Lula para reduzir os juros?

Analistas esperam que o Banco Central decidirá manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, mas sinalização do comunicado é incógnita

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Roberto Campos Neto - Metrópoles
1 de 1 Roberto Campos Neto - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A pressão do governo contra a política de aperto monetário do Banco Central segue elevada. Em evento promovido no feriado do Dia do Trabalhador, em São Paulo, o presidente Lula dedicou, novamente, parte do discurso para atacar o nível da taxa básica de juros.

“A gente não pode viver mais em um país onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego nesse país, porque ela é a responsável por uma parte da situação em que vivemos hoje”, disse Lula na última segunda-feira, em palanque montado pelas centrais sindicais no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista.

A inflação possivelmente será a razão para o Comitê de Política Monetária (Copom), chefiado por Roberto Campos Neto, do BC, manter a taxa básica de juros em 13,75% em reunião programada para esta quarta-feira (3/5). Não há expectativa, entre analistas, de queda ou alta da Selic nesta decisão.

Na última reunião, o recado do BC ao governo foi claro: não há que se falar em alívio até que a inflação esteja devidamente cuidada. As projeções para os índices de preços em 2023 estão acima de 6%, enquanto o teto da meta de inflação é de 4,75%. O risco, segundo o Copom, de afrouxar a política monetária agora é ter que lidar com um repique inflacionário no médio prazo.

“A evolução do movimento (de desinflação) tem sido lenta, principalmente quando olhamos para os núcleos e os preços de serviços”, observou a equipe econômica da corretora Guide, em relatório sobre o Copom.

Arcabouço fiscal

A novidade, em relação à última decisão de juros, é que o arcabouço fiscal já foi apresentado e está tramitando no Congresso. A nova regra orçamentária prevê um limite para a expansão de gastos, mas foi considerada de difícil execução, partindo das premissas que o Ministério da Fazenda adotou.

Uma crítica frequente entre os economistas que analisaram o arcabouço é que a regra apenas se sustenta se o governo ampliar a arrecadação de forma consistente. Dada a promessa de não aumentar impostos, o cumprimento do arcabouço será desafiador.

“Esperamos um aceno (no comunicado do Copom), assim como foi feito na ata da última decisão, reconhecendo a medida como positiva, mas sem relação direta com a condução da política monetária”, pondera a equipe da Guide.

O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem adotado um tom elogioso para a proposta fiscal apresentada pelo governo, mas isso, por si só, não deve ser suficiente para que os juros comecem a cair desde já.

Meta de inflação

Para os analistas, deve prevalecer no Copom a preocupação com a falta de previsibilidade sobre os rumos da inflação. Além da complexa execução do arcabouço, o mundo continua a lidar com um cenário de preços elevados para diversos produtos e serviços, o que continuará a impactar o custo de vida no Brasil.

Além disso, a discussão sobre uma mudança na meta de inflação segue indefinida e isso tem impacto direto sobre as projeções do mercado para os índices de preços no futuro.

Esse “custo da incerteza” impacta diretamente o prêmio exigido dos investidores para emprestar dinheiro para empresas e para o próprio governo brasileiro.

“Entendemos que a autoridade deverá aguardar a decisão definitiva sobre o regime de metas, que deve ser definido por volta do meio do ano,
a partir de quando esperamos acompanhar o processo de reancoragem das expectativas”, observa a Guide.

Os analistas de mercado prevêem o início do ciclo de queda da Selic apenas para o fim do terceiro trimestre do ano, possivelmente no mês de setembro.

Até lá, o BC deve observar quanto do texto original do arcabouço fiscal será preservado, durante a tramitação no Congresso, e como a regra será executada pelo governo.

Os próximos meses também devem indicar se o aperto de juros nos Estados Unidos causará uma recessão na maior economia do mundo e, caso isso ocorra, quais serão os impactos para a inflação e para a atividade econômica em outros países, como o Brasil.

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