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Copom: 93% dos investidores não acreditam em corte da Selic. Entenda

Nesta quarta-feira (31/1), a cúpula do Banco Central decide se vai reduzir os juros no Brasil. Mercado aposta na manutenção da taxa em 10,5%

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Imagem de uma mão mexendo com dados em que aparecem símbolos de porcentagem e o nome "Selic", em alusão à taxa de juros - Metrópoles
1 de 1 Imagem de uma mão mexendo com dados em que aparecem símbolos de porcentagem e o nome "Selic", em alusão à taxa de juros - Metrópoles - Foto: Getty Images

É baixíssima – para não dizer inexistente – a expectativa dos agentes econômicos em relação ao anúncio de um corte da taxa básica de juros do país, a Selic, nesta quarta-feira (31/7), após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

Um dado comprova tal ceticismo: 93% dos investidores que participam do mercado de Opções de Copom da Bolsa brasileira (B3) apostam que a taxa será mantida nos atuais 10,50% ao ano. Isso segundo informações do fechamento de segunda-feira (29/7). 

E esse porcentual aumentou nos últimos dias. Na quinta-feira (25/7), estava em 91%. Em contrapartida, ninguém (literalmente, zero)  acredita em um corte da Selic.  Uma pequena parcela (1,53%) crê numa elevação de 0,25 ponto percentual (p.p.) da taxa e outro grupo minúsculo (2,67%) prevê num aumento de 0,5 p.p..

Incertezas proliferam

E por que as chances de corte dos juros são tão minúsculas? Na avaliação do economista André Braz, coordenador dos índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a razão é simples: o cenário econômico – interno e externo – está tomado por incertezas. 

A lista de dúvidas locais, cita Braz, inclui a questão fiscal, que também afeta a cotação do dólar, além do comportamento da inflação – em especial no setor de serviços. Isso sem contar com pendências que vêm perdendo a importância, mas ainda contribuem para suscitar receios no mercado, como o impacto do La Niña na produção agrícola nacional, o que pode influenciar negativamente a formação de preços.

Receitas e despesas

No campo fiscal (que trata da relação entre receitas e despesas do poder público), o governo anunciou na semana passada um contingenciamento de R$ 4 bilhões, além de um bloqueio de R$ 11 bilhões, para manter o déficit primário (antes do pagamento de juros) no limite inferior da meta deste ano, que é de 0,25% do PIB. Há, contudo, fortes dúvidas se esses valores serão suficientes para alcançar tal objetivo (leia mais sobre esse assunto neste link).

Além disso, para o analista Rafael Passos, da Ajax Asset, dados fiscais de junho, divulgados nesta segunda-feira (29/7) pelo Tesouro Nacional, “continuam mostrando uma deterioração constante das contas públicas”. 

Dívida em alta

Os números mostraram que o setor público consolidado, composto pela União, estados e municípios, registrou déficit primário de R$ 40,9 bilhões em junho. A dívida bruta atingiu 77,8% do PIB (R$ 8,7 trilhões). “As medidas recentes de contenção de gastos não são suficientes para ganhar a confiança do mercado em relação à situação do país olhando para frente”, diz Passos.

No front da inflação, observam os especialistas, a situação também não está livre de senões. No último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (29/7) pelo BC, os agentes do mercado aumentaram a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024 e 2025. 

Projeção crescente

Para este ano, a projeção passou de 4,05% para 4,10%. Há duas semanas, ela havia apresentado a primeira queda depois de nove altas seguidas. Em junho, estava em 3,90%. Ocorre que o centro da meta para este ano é de 3%. Isso faz com que, tecnicamente, a expectativa de inflação fique desancorada, como dizem os analistas. Isso quer dizer que ela não está convergindo para a meta. Para 2025, o número foi de 3,90% para 3,96%.

“Houve uma clara piora do cenário nos últimos meses”, diz o economista Emerson Marçal, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP). “O câmbio depreciou fortemente, as expectativas de inflação pioraram e o cenário fiscal entrou no radar. Uma decisão de corte de juros não seria bem-recebida.” 

Juros nos EUA

Além dos desafios locais, existem os externos. O principal deles é o patamar dos juros dos Estados Unidos, mantido no intervalo entre 5,25% e 5,50%, o maior desde 2001. Nesta quarta-feira (31/1), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) – o equivalente do Copom –, também se reúne para decidir um eventual corte da taxa americana. Não há, contudo, a menor expectativa que isso ocorra antes de setembro.

Os juros altos nos EUA aumentam a atratividade dos títulos do Tesouro americano, que passa a atuar como um aspirador de dólares no mercado mundial, atraindo investidores. Esse fato traz duas consequências: ativos de renda variável, como ações negociadas em Bolsas de países emergentes, tornam-se menos interessantes e a moeda americana sofre pressão de alta em todo o mundo.

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