metropoles.com

Consumo de álcool custa R$ 18,8 bilhões por ano e mata 12 por hora

É o que indica uma pesquisa realizada pela Fiocruz, que faz parte de campanha para a adoção de imposto seletivo para bebidas alcoólicas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Unsplash
bebidas
1 de 1 bebidas - Foto: Unsplash

O consumo de bebidas alcoólicas representou um custo de R$ 18,8 bilhões para o Brasil em 2019. Tal valor é resultado, por exemplo, de despesas diretas com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais, além de gastos indiretos da Previdência Social, como licença médica e aposentadoria. Além disso, o álcool provocou 104,8 mil mortes no mesmo ano, o equivalente a 12 óbitos por hora.

Essas são as conclusões do estudo “Estimação dos Custos Diretos e Indiretos atribuíveis ao Consumo do Álcool no Brasil”, realizado pela Fiocruz, a pedido das organizações Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde. O trabalho faz parte da iniciativa Reset Álcool.

Dos R$ 18,8 bilhões, uma parcela de R$ 1,1 bilhão refere-se a custos federais diretos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS). Os custos indiretos atribuíveis ao consumo do álcool, por sua vez, compreenderam R$ 17,7 bilhões e incluem as perdas de produtividade pela mortalidade prematura, licenças e aposentadorias precoces decorrentes de doenças associadas ao consumo de álcool, perda de dias de trabalho por internação hospitalar e licença médica previdenciárias.

O levantamento usou como base estimativas de mortes atribuíveis ao álcool feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e levou em consideração para o cálculo um total de 104,8 mil falecimentos em 2019 no Brasil, o equivalente a 12 óbitos por hora.

Homens morrem mais

Os homens são as principais vítimas e representaram 86% das mortes, das quais quase a metade foi resultado de doenças cardiovasculares, acidentes e violência. No público feminino, que responde por 14% dos registros fatais, doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer representaram mais de 60% dos registros.

O custo do SUS com a hospitalização de mulheres relacionada a problemas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas responde por 20% do total. Isso ocorre porque a prevalência de consumo de álcool pelas mulheres é menor, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), na qual cerca de 31% das pesquisadas relataram ter consumido álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa, enquanto o percentual masculino ficou em 63%.

Segundo a pesquisa, outra razão dessa disparidade refere-se ao fato de que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e realizam exames de rotina. Isso faz com que sejam tratadas antes que as complicações mais graves de saúde se manifestem. “Quando os homens procuram o serviço de saúde possivelmente já estão numa situação pior, o que acarreta mais hospitalizações”, diz Eduardo Nilson, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pelo estudo.

Já quando se trata de custos relacionados ao atendimento ambulatorial atribuível à ingestão de álcool, a diferença entre os públicos masculino e feminino cai significativamente, considerando que 51,6% dos gastos se referem ao público masculino. Em relação à faixa etária, a incidência maior no atendimento ambulatorial ocorre nas pessoas entre 40 e 60 anos, sendo que 55% dos custos referem-se às mulheres e 47,1% aos homens.

Mulheres avançam

Embora os maiores custos decorrentes do consumo de álcool sejam relacionados aos homens, dados do Vigitel mostram que, entre 2006 e 2023, a ocorrência de episódios de consumo abusivo de álcool (quatro ou mais drinques numa mesma ocasião) quase dobrou entre as mulheres.

A tendência de aumento de consumo entre elas também é comprovada pela PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) de 2019. Ela mostrou que, enquanto 60% dos adolescentes do sexo masculino já tinham experimentado álcool antes dos 17 anos, 67% das meninas já tinham registrado o mesmo comportamento nessa faixa etária.

Para Pedro de Paula, diretor executivo da Vital Strategies, organização presente em 80 países, esse cenário indica a “necessidade de adoção de medidas como o imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas”. “Essa é uma das ações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, seu impacto negativo”, diz. “Com a redução do consumo, podemos salvar vidas e reduzir os impactos sociais do álcool, poupando bilhões de reais todos os anos.”

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?