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Consenso sobre corte de gastos estanca alta e dólar fecha a R$ 5,76

Moeda americana chegou a encostar em R$ 5,80 por conta de cautela do mercado com falta de previsão para novo pacote com corte de gastos

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Dólar fecha em queda
1 de 1 Dólar fecha em queda - Foto: GettyImages

O dólar fechou esta quarta-feira (30/10) em alta de 0,04%, a R$ 5,76, no maior patamar desde 29 de março de 2021. A moeda americana flutuou ao longo do dia e chegou a encostar em R$ 5,80 por conta da cautela do mercado com o risco fiscal brasileiro e a falta de previsão para divulgação do novo pacote com corte de gastos.

Hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica e a Casa Civil chegaram a um consenso sobre as medidas de revisão de gastos, após reunião com o ministro Rui Costa nessa terça-feira (29/10). Embora as medidas tenham sido aprovadas por ambas as pastas, ele informou que o foco, agora, é a redação da emenda constitucional para dar robustez jurídica. Segundo o ministro, não há pressa em terminar o texto e apresentá-lo ao Congresso Nacional.

O mercado estava inquieto com a “demora” na divulgação das ações de cortes de gastos, que seriam publicadas logo após o término do segundo turno das eleições municipais. Para Haddad, “uma semana não vai prejudicar”. “Pelo contrário, você vai melhorar a qualidade do trabalho. Eu até entendo a inquietação, mas é que tem gente especulando em torno de coisas”, falou.

“Você está lidando com finanças públicas, você não pode errar”, frisou Haddad.

Mais cedo, Rui Costa reafirmou o compromisso com o equilíbrio fiscal ao discursar sobre assunto em evento, no Palácio do Planalto. “Reafirmamos o absoluto compromisso com equilíbrio fiscal. É possível crescer com equilíbrio fiscal, é o que faremos”, disse.

Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, a expectativa é que as medidas possam ser relevantes já no curto prazo, e com medidas estruturais quanto às despesas.

“Em razão de nossas projeções para receitas e despesas, acreditamos que seja necessário um corte de R$ 44,1 bilhões para que se cumpra a meta fiscal. Ainda assim, cumprindo a meta, estamos falando de um déficit primário de R$ 75,1 bilhões, considerando-se o intervalo inferior de déficit de R$ 31 bilhões e a exclusão dos precatórios excedentes ao antigo subteto de R$ 44,1 bilhões”, avalia Salto.

Em sua avaliação, o desejável seria adotar medidas estruturais para reduzir os gastos de modo permanente. “Assim, além de se cumprir a meta do ano que vem, seria conferida credibilidade à sobrevivência do Arcabouço como âncora fiscal. Opções que poderiam ser seguidas, embora não sem muita resistência: rever a complementação do Fundeb, o mínimo da saúde, as emendas parlamentares, além do Abono Salarial e Seguro-Desemprego”, sugeriu.

O Ibovespa fechou em queda de 0,07%, aos 130.639 pontos. Com o resultado, o índice acumula alta de 0,64% na semana,
perdas de 0,82% no mês e um recuo de 2,58% no ano.

Economia americana

Durante o dia, investidores também se debruçaram sobre os dados econômicos dos Estados Unidos, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB), que veio abaixo do esperado. Na leitura da primeira estimativa para o terceiro trimestre, o PIB americano cresceu 2,8%, contra expectativas de alta de 3,0%. Na avaliação de Paula Zogbi, gerente de Research e head de conteúdo da Nomad, o PIB do terceiro trimestre mostrou crescimento de 2,8%, “anotando uma desaceleração em relação ao crescimento de 3% apresentado segundo trimestre, ainda que a atividade se mantenha sólida”.

Segundo ela, o relatório destacou o impacto positivo de gastos pessoais de consumo, tanto em bens quanto serviços, além de aumento nas exportações e gastos do governo. “A desaceleração, no entanto, foi atribuída a uma queda no investimento fixo em inventário e a uma maior redução no investimento fixo residencial”.

Dados do mercado de trabalho, no entanto, mostraram uma geração de vagas muito acima do esperado em outubro. os números acabam motivando altas nos juros futuros.  “O relatório ADP mostrou uma adição de 233.000 empregos no setor privado em outubro, consideravelmente acima do consenso publicado em uma pesquisa do Wall Street Journal, de 113.000. O número de setembro foi revisado para cima, de 143.000 para 159.000. Esses são números que afastam a possibilidade de cortes mais agressivos da taxa de juros pelo Fed”, avalia Paula.

Ela lembra que, no entanto, o número mais relevante de mercado de trabalho a ser monitorado essa semana não sai antes de sexta-feira (01/12), com o payroll.

Em sua última reunião, em setembro, o Fed cortou as taxas em 0,5 ponto percentual, para um patamar entre 4,75% e 5,00% ao ano. Agora, o mercado acredita que os novos cortes devam ser de 0,25 ponto percentual.

Apesar dos números, a indefinição com a eleição americana segue preocupando investidores. As ultimas pesquisas indicam que  a democrata Kamala Harris e republicano Donald Trump estão tecnicamente empatados e que a eleição deve ser decidida voto a voto.

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