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Conselho Fiscal da Americanas foi alertado sobre falhas contábeis

Segundo comitê independente que investigou o caso, avisos ocorreram entre 2016 e 2019 e abordavam operações que estariam na base da “fraude”

atualizado

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Fachada da Lojas Americanas do Setor Comercial Sul em Brasília
1 de 1 Fachada da Lojas Americanas do Setor Comercial Sul em Brasília - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Os conselhos fiscais da Americanas e da B2W (o braço digital da companhia), órgãos internos que fiscalizam as empresas, foram alertados pela auditoria KPMG sobre os problemas envolvendo o “risco sacado” e as Verbas de Publicidade Cooperadas (VPCs) – duas operações que, segundo investigações em curso da Polícia Federal (PF), estão na base da suposta fraude de R$ 25,2 bilhões da varejista.

A constatação desses alertas foi feita pelo comitê independente de investigação, cujos trabalhos foram concluídos em junho, um ano e meio depois de o escândalo vir à tona, em janeiro de 2023. O relatório final da análise, ao qual o Metrópoles teve acesso, foi apresentado à empresa em julho.

Alertas desde 2016

De acordo com o comitê, os alertas da KPMG sobre os problemas contábeis foram feitos em apresentações no período de 2016 a 2019. Duas delas estavam endereçadas ao Conselho Fiscal da Lojas Americanas S.A (Lasa, a responsável pelo comércio físico) e outras duas ao Conselho Fiscal de B2W (a operação digital).

Elas tratavam do quarto trimestre de 2016 e 2018. Nesses casos, a auditoria indicava “dificuldades significativas” referentes à “substituição” e à “retificação” de respostas a cartas enviadas por bancos sobre as operações de “risco sacado”, também conhecidas como “confirming” e “forfait”.

“Risco sacado”

No “risco sacado”, a dívida de um varejista (caso da Americanas) com um fornecedor (uma indústria, por exemplo) é assumida por um banco. Mediante um desconto, a instituição financeira antecipa o pagamento ao fornecedor e a varejista passa a devedor para o banco. A triangulação, em tese, é vantajosa para todas as partes.

Na prática, as dificuldades citadas pela KPMG surgiram depois que a auditoria solicitou dados a instituições financeiras sobre essas operações. Num primeiro momento, os bancos confirmaram que elas haviam sido realizadas. Depois disso, retificaram a informação. A mudança, apontam as investigações, teriam sido feitas a pedido de funcionários da Americanas, justamente para acobertar um dos pilares da suposta fraude (leia mais sobre esse assunto neste link).

Até 2019

De acordo com o comitê independente, outras três apresentações destinadas ao Conselho Fiscal de Lasa trataram do mesmo assunto. Nesse caso, as questões eram relativas ao quarto trimestre de 2018, além do primeiro e segundo trimestres de 2019. Depois de 2019, a Americanas encerrou o contrato com a KPMG.

O documento do comitê destaca ainda que, em relação à apresentação destinada ao Conselho Fiscal de Americanas (Lasa, na ocasião), relativa ao primeiro trimestre de 2019, foi identificada uma troca de mensagens na qual uma funcionária da Americanas pedia a outra da KPMG que o termo “confirming” (ou seja, o “risco sacado”) fosse retirado de um item indicado como um dos “Principais Assuntos Debatidos com a Administração”.

Prêmio de preferência

No caso citado no relatório do comitê, essa CCI estava na seção “Recomendações que merecem atenção da administração”. Ela destacava “registros de receita financeira no montante de R$ 50 milhões, referente a prêmio por preferência bancária na operação de antecipação solicitada por fornecedores sem formalização contratual junto aos bancos.” Esse tipo de “prêmio”, observam especialistas, é típico de operações de “risco sacado”.

O comitê independente de investigação nota, contudo, que, apesar dos alertas, não foram feitas ressalvas nas demonstrações financeiras da companhia entre 2016 e 2019.

Notas

Consultada, a assessoria da Americanas informou que “reitera que os resultados do trabalho do comitê independente – sobre o qual a empresa não teve qualquer ingerência – evidenciam a fraude cometida pela antiga diretoria, que manipulou controles internos omitindo informações dos órgãos de governança para garantir impunidade. A Americanas reafirma que é a maior interessada no esclarecimento dos fatos e na responsabilização judicial de todos os envolvidos”.

Também por nota a KPMG disse que, “por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma”.

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