Comunicado do BC destaca questão fiscal e não cita novo corte da Selic
Ausência de menção à próxima redução da taxa é a primeira em 9 meses. Texto também menciona dinamismo do mercado de trabalho
atualizado
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O comunicado no qual o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) justificou o corte de 0,25 ponto percentual dos juros básicos do país, a Selic, nesta quarta-feira (8/5), deu destaque ao problema fiscal do Brasil. Pela primeira vez em nove meses, o texto também não faz menção a novos cortes da taxa.
Sobre a questão fiscal, o comunicado alerta: “O Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária”.
A seguir, observa que o órgão do BC “reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
O trecho está diretamente relacionado à mudança de meta fiscal para 2025 e 2026, anunciada no mês passado pelo governo federal.
No comunicado da reunião anterior, em março, a mesma questão era citada, mas num tom menos incisivo e com menor número de detalhes. Disse a nota na ocasião: “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.
“Ênfase especial”
Como mencionado, outra mudança importante do atual comunicado do Copom foi o fato de não haver menção a um novo corte da Selic. Nos últimos nove meses, nos quais ocorreram sete reuniões do órgão do BC, em todas as notas divulgadas foram citadas previsões de redução dos juros, no caso, sempre de 0,5 ponto percentual.
Desta vez, essas indicações foram substituídas por uma condicionante: “O Comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Mercado de trabalho
Marcelo Bolzan, planejador financeiro, CGA e sócio da The Hill Capital, definiu o comunicado como duro. “Sobre o Brasil, destaca que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho têm apresentado maior dinamismo do que o esperado”, diz. “Com esse cenário, acredito que teremos amanhã uma Bolsa em queda e abertura dos juros.”
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, ressalta que a decisão do BC de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual não surpreendeu os analistas. “Ela veio dentro do consenso do mercado, que antecipava uma redução moderada devido às incertezas econômicas e às pressões inflacionárias ainda existentes”, diz. “Para as próximas reuniões, a expectativa é de que o Copom mantenha a cautela, monitorando de perto a evolução da inflação e das expectativas.”