Como a Renner colheu bons resultados em um ano de seca no varejo

A Lojas Renner obteve lucro líquido recorde em 2022, atingindo R$ 1,29 bilhão, o dobro do registrado em 2021. Além do mais, apresentou ganhos de R$ 481,8 milhões no quarto trimestre do ano passado, numa alta de 15,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse montante, embora positivo, ficou abaixo das projeções dos analistas de mercado, que apontavam para valores entre R$ 515 milhões e R$ 530 milhões.

Ainda assim, anotam os especialistas, o resultado coloca a empresa numa posição bastante confortável em relação à concorrência. Na semana passada, por exemplo, a Lojas Marisa anunciou a renúncia do CEO Adalberto Pereira dos Santos, além de um processo de renegociação de dívidas, a cargo da BR Partners, e de reestruturação de custos, realizado pela Galeazzi Associados.

A pergunta que fica é como, num cenário adverso para todo o segmento, com juros e inadimplência nas alturas, a Lojas Renner, dona de marcas como Camicado, Youcom e Ashua, entregou números positivos.

Em conferência realizada com analistas nesta sexta-feira (17/2), o CEO da Renner, Fabio Faccio, ofereceu algumas explicações. Ele elencou ações que resultaram em ganhos de eficiência para a empresa, como a digitalização das lojas, a abertura de mais 40 pontos de vendas apenas em 2022 – o que adicionou novos mercados à companhia –, além de investimentos em logística e tecnologia.

Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, acrescenta outros fatores. Pare ele, a empresa conta com um mix de produtos e preços capaz de atrair pessoas de todas as classes sociais, além de uma diversidade de marcas que mantém um bom fluxo de consumidores nas lojas. “Outro ponto importante é que a dívida líquida da empresa é negativa, o que diminui muito as despesas financeiras”, afirma Serra. “Isso faz com que Renner não sofra tanto com os juros, ao contrário do que acontece com muitas outras empresas do setor.”