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Como a derrapada do Bradesco mudou a corrida pelo lucro dos bancões

No último trimestre, Banco do Brasil garantiu o melhor resultado. No ano, o Itaú foi o destaque, embora o BTG tenha registrado maior avanço

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1 de 1 Imagem de uma lupa sobre uma calculadora. Ao lado, notas de dinheiro salário mínimo - Metrópoles - Foto: Getty Images

A corrida pelo lucro dos bancões brasileiros acirrou-se no último trimestre de 2023, conforme indicam os últimos balanços publicados pelas instituições financeiras na semana passada. O Banco do Brasil (BB) garantiu a liderança do grupo, com ganhos de R$ 9,44 bilhões no período. O Itaú Unibanco ficou em segundo lugar, mas no vácuo do concorrente, com R$ 9,401 bilhões. Ou seja, uma diferença na casa das dezenas de milhões.

Ainda no quesito lucro líquido, o terceiro lugar ficou com o Bradesco, com R$ 2,88 bilhões. O BTG Pactual, no entanto, chegou muito perto do adversário, alcançando R$ 2,84 bilhões. A quinta posição ficou com o Santander, com R$ 2,204 bilhões.

“No quarto trimestre de 2023, o Banco do Brasil conseguiu bons resultados, mas o Itaú e o BTG vieram mais fortes”, diz o analista Carlos André Vieira, do TC, a plataforma de assessoria a investidores. Já o Bradesco e o Santander perderam terreno, abrindo espaço para os concorrentes.”

Forte decepção

No mercado de capitais, a divulgação do balanço do Bradesco foi a que despertou a pior reação dos investidores. Na quarta-feira (7/2), as ações caíram quase 16% (as preferenciais) na Bolsa brasileira (B3) e o banco foi ultrapassado pelo BTG em valor de mercado. Isso porque, entre outros fatores, embora o lucro no fim de 2023 tenha sido de R$ 2,88 bilhões, os analistas esperavam uma quantia de R$ 4,6 bilhões. Eles também não se animaram com a projeção de resultados para 2024.

Numa análise entre os líderes do ranking, Vieira, do TC, observa que o Banco do Brasil destacou-se ao elevar suas margens com os negócios mantidos com os clientes. O senão dos resultados do quatro trimestre de 2023, nota o analista, ficou por conta do aumento das reservas para enfrentar eventuais calotes em empréstimos. As provisões cresceram cerca de R$ 2,5 bilhões, chegando a quase R$ 10 bilhões.”

No caso do Itaú, observa Veira, deu-se o contrário. Ele diminuiu essas reservas, embora elas tenham caído apenas 1% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado. “O banco também melhorou praticamente todas as suas linhas de receita”, afirma o analista. 

Rentabilidade

A comparação da taxa de retorno sobre o patrimônio (ROE), um importante indicador de rentabilidade dos balanços dessas instituições, mostra outra faceta da movimentação dos bancos na corrida pelo lucro. Em linhas gerais, esse índice mede a capacidade de uma empresa de produzir valor – ou obter lucro – a partir de recursos próprios.

Nesse tópico, o BTG passou de uma taxa de 23,2%, no terceiro trimestre, para 23,4%, no quarto. No Banco do Brasil, a movimentação foi de 21,3% para 22,5%. Ela ficou praticamente estável no Itaú, saindo de 21,1% para 21,2%. No caso do Santander, contudo, houve queda de 13,1% para 12,3% e, no do Bradesco, um tombaço de 11,3% para 6,9%.

Para Vieira, na prática, o mercado esperava que os resultados dos grandes bancos apresentassem melhoras sucessivas, trimestre a trimestre, ao longo do ano passado – e nos próximos meses também. Diz o analista: “Essa expectativa só foi cumprida pelo Banco do Brasil, Itaú e BTG, que vem se destacando nesse aspecto”.

No ano, Itaú lidera

Uma comparação da lucratividade desses bancões ao longo de todo o ano passado traz um retrato semelhante ao registrado no último trimestre de 2023. Dados compilados pelo analista Einar Rivero, da consultoria da Elos Ayta,mostram que o lucro líquido dos cinco bancos foi de R$ 100 bilhões no ano passado, uma queda de 3,5% em relação a 2022, quando chegou a R$ 103,9 bilhões.

O Itaú, observa Riveiro, destacou-se como líder em lucratividade em 2023, registrando R$ 33,8 bilhões e um crescimento de 10,2%, na comparação com 2022. A seguir, ficou o Banco do Brasil com lucro de R$ 33,16 bilhões e aumento de 11,1%.

O terceiro lugar foi ocupado pelo Bradesco, com R$ 14,5 bilhões, mas queda de 31,6% em relação a 2022. O BTG ocupou a quarta posição, com R$ 9,9 bilhões e avanço de 26,6%. Já o Santander teve o menor lucro, de R$ 8,8 bilhões e recuo de 38,2% no ano, o maior entre os pares. 

Mundança hierárquica

Sobre a análise anual, Rivero acrescenta: “Um destaque relevante foi que o BTG ultrapassou o Santander pela primeira vez em termos de lucratividade, marcando uma mudança significativa na hierarquia financeira”.

Para Vieira, do TC, o resultado prático da derrapada do Bradesco e do Santander, tanto no ano como no último trimestre de 2024, é que os adversários tendem a ganhar maior mercado, principalmente na concessão de crédito para a freguesia. Agora, contudo, é esperar para ver o resultado da próxima etapa da corrida dos bancões, que acontecerá no fim do primeiro trimestre de 2024.

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