Com tom conciliador de Campos Neto, juros podem cair, diz economista
Para especialistas, presidente do BC tentou “criar pontes” com Lula e Haddad, em entrevista ao Roda Viva, na noite de segunda (13/2)
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, usou um tom conciliador para aliviar tensões com o Planalto, na entrevista concedida na noite desta segunda-feira (13/2), ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Mantido esse clima, a curva de juros pode retroceder. A opinião do economista André Perfeito.
Para o economista Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, Campos Neto adotou uma postura “institucionalmente impecável” no Roda Viva. “Inúmeras vezes fez questão de se colocar apenas como uma peça no BC, podendo ser voto vencido nas reuniões, despersonificando o debate sobre a atuação da autoridade monetária e fortalecendo as instituições brasileiras”, afirma Sanchez.
Perfeito considerou “um gesto de coragem” a participação do presidente do Banco Central no programa. “Os riscos eram grandes”, diz. “Afinal, uma fala mal colocada poderia atear fogo num clima já bastante estressado.”
Ele observa que, além de acenos a Lula, Campos Neto esforçou-se para mostrar um espírito de colaboração também com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “O clima foi de criar pontes”, destaca. Na entrevista, o presidente do BC evitou ainda fazer críticas ao novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Perfeito observa que a entrevista “reforça duas tendências”. “O real pode se apreciar nos próximos dias e a curva de juros deve retroceder com o fim do conflito Planalto versus Banco Central”, frisa. “Ainda há muito o que se discutir, mas Campos Neto atingiu seus objetivos centrais com esta entrevista.”