Com fim do efeito agro, economia encolhe 3% em maio, diz FGV
Monitor do PIB, da FGV, mostra recuo da economia em maio, na comparação com o mês anterior. Fim da colheita de soja tem impacto
atualizado
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A economia brasileira registrou queda de 3% em maio, na comparação com o mês anterior, de acordo com os cálculos do Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador, elaborado pelo Ibre/FGV, mede a atividade econômica mensalmente e é divulgado antes dos dados oficiais do governo.
“O forte recuo da atividade econômica em maio reflete o fim dos principais meses de colheita da safra de soja”, disse em nota a economista Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o mês teve alta de 1,8%. No trimestre móvel encerrado em maio, o crescimento foi de 3,5%.
O resultado do primeiro trimestre, quando o PIB brasileiro subiu acima do esperado com forte impacto da colheita de soja, também elevou a base de comparação, o que intensificou o tombo em maio, dizem os responsáveis pela pesquisa.
Em abril, em cenário parecido, o indicador medido pelo Monitor do PIB já havia recuado 1,2%.
Indústria e serviços andam de lado
No primeiro trimestre, entre janeiro e março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro fechou em alta de 1,9%, acima do esperado.
Agora, passado o efeito da colheita no início do ano, ficam mais expostos outros aspectos da economia, diz a FGV, com indústria e serviços vivendo momentos desafiadores.
Além do agro, os dados de maio mostraram recuo de 0,1% em indústria e serviços, segundo o Monitor do PIB.
“Os juros elevados contribuíram para as pequenas quedas nestas atividades, o que ajuda a explicar a dificuldade de a economia crescer de forma mais robusta e menos dependente da agropecuária”, afirmou Trece.
Nesta semana, o indicador oficial de atividade econômica (o IBC-Br, chamado de “prévia do PIB”), medido pelo IBGE, já havia mostrado queda de 2% da atividade em maio.
Consumo desacelera
No trimestre móvel encerrado em maio, o Monitor do PIB aponta que o consumo das famílias cresceu 2,9%, mas a expectativa é que essa frente siga desacelerando até o fim do ano.
“O consumo de serviços é o principal componente a explicar essa tendência declinante”, diz o relatório do Ibre. “Enquanto em 2022 apresentou crescimento médio trimestral em torno de 7,0%, no trimestre móvel encerrado em maio de 2023 cresceu apenas 3,2%.”
Os investimentos (a chamada “formação bruta de capital fixo”) recuaram 0,8% no trimestre móvel, com destaque negativo para máquinas e equipamentos, que caíram pelo quinto trimestre móvel consecutivo.
As exportações subiram 17,2%, com destaque para exportação de produtos de extração mineral e de agropecuária.