Com crise da SouthRock, Subway dos EUA reassume operação brasileira
Com isso, a matriz americana do Subway deve liderar as negociações com possíveis interessados na operação brasileira
atualizado
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A matriz americana do Subway anunciou que vai reassumir a operação brasileira da companhia, em meio à crise da gestora SouthRock, que até então era a operadora da marca no Brasil.
Segundo informações do Valor Econômico, a rescisão de contrato foi comunicada à SoutRock no dia 11 de outubro, alguns dias antes de a Starbucks – que também era licenciada pela gestora no país – ter pedido a rescisão de seu vínculo.
Com isso, a matriz americana deve liderar as negociações com possíveis interessados na operação brasileira. Há alguns meses, a empresa teria aberto conversas com um grupo mexicano, mas as tratativas não avançaram.
Ainda não está claro se a retomada do comando das operações pelo Subway dos EUA significará a abertura de um novo CNPJ.
Recuperação judicial
Na semana passada, como noticiado pelo Metrópoles, o juiz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), autorizou a antecipação parcial dos efeitos da recuperação judicial da SouthRock, operadora de marcas como Starbucks, Subway, Eataly e Brazil Airport Restaurants, contra a cobrança de credores.
O magistrado também determinou a suspensão do bloqueio patrimonial do fundo pelos credores.
Inicialmente, o juiz havia negado o pedido, mas mudou seu entendimento após um novo recurso apresentado pela SouthRock.
De acordo com o juiz, é necessária uma análise mais cuidadosa sobre os créditos concursais. Ao todo, R$ 5 milhões haviam sido bloqueados das contas da gestora.
Em linhas gerais, na prática, os credores não poderão levantar os valores. Por enquanto, a operadora também não terá acesso aos recursos.
Apesar dessa decisão favorável, a recuperação judicial ainda não foi aceita. O processo segue em análise e não há data estabelecida para uma definição.
Entenda o caso
A SouthRock tem dívidas estimadas em R$ 1,8 bilhão. De acordo com a companhia, o pedido de recuperação judicial tem o objetivo de “proteger financeiramente suas operações no Brasil, atrelado a decisões estratégicas para ajustar seu modelo de negócio à atual realidade econômica”.
A recuperação judicial é um processo que permite às organizações renegociarem suas dívidas, evitando o encerramento das atividades, demissões ou falta de pagamento aos funcionários. Por meio desse instrumento, as empresas ficam desobrigadas de pagar aos credores por algum tempo, mas têm de apresentar um plano para acertar as contas e seguir em operação. Em linhas gerais, a recuperação judicial é uma tentativa de evitar a falência.
Em seu pedido de recuperação judicial, a SouthRock informa que sofreu um tombo de 95% nas vendas em 2020, 70% em 2021 e 30% em 2022. A gestora afirma que foi vítima de inadimplência de alguns de seus parceiros comerciais. Outras dificuldades mencionadas são o acesso ao crédito para capital de giro, além do aumento de preços dos insumos para o varejo – o que acabou prejudicando a capacidade de pagamento da companhia.
“Os ajustes incluem a revisão do número de lojas operantes, do calendário de aberturas, de alinhamentos com fornecedores e stakeholders, bem como de sua força de trabalho tal como está organizada atualmente”, informou a companhia, em nota.
Ainda segundo a SouthRock, “os desafios econômicos no Brasil resultantes da pandemia, a inflação e a permanência de taxas de juros elevadas agravaram os desafios para todos os varejistas”, incluindo a empresa.
“A SouthRock segue comprometida em continuar trabalhando em estreita colaboração com seus parceiros comerciais para criar as condições necessárias para seguir desenvolvendo e expandindo todas as suas marcas no Brasil ao longo do tempo”, diz o comunicado do grupo.
A SouthRock foi fundada em 2015 e atua no segmento de alimentos e bebidas, tendo se especializado em redes de restaurantes de aeroportos no Brasil. Em 2018, a gestora fechou um acordo de licenciamento com a Starbucks e se tornou a operadora exclusiva dos restaurantes da marca no país.
No ano passado, a companhia assumiu a gestão das franquias do Subway, que ficou de fora do pedido de recuperação judicial. A empresa também atua com as marcas Eataly e TGI Fridays.