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Com “boato” fiscal, real deixa de ser moeda mais valorizada no mês

Dinheiro brasileiro liderava avanço sobre dólar em ranking com 118 países até surgirem novas dúvidas sobre a situação dos gastos do governo

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Na quinta-feira (19/9), o real atingiu uma posição de destaque no mundo. Ele passou a ocupar o posto de moeda mais valorizada frente ao dólar em setembro, com alta de 4,4%, numa comparação com 118 países. A demonstração de força, porém, durou pouco. Nesta segunda-feira (22/9), o dinheiro brasileiro já havia caído para o 7º lugar no mesmo ranking, elaborado pela empresa de classificação de risco Austin Rating.

Na avaliação de Alex Agostini, economista-chefe da Austin, o que mudou nesse breve ínterim – na prática, só dois dias úteis que derrubaram a moeda do primeiro para o sétimo lugar – foram os ruídos que reverberam no mercado em torno da sustentabilidade da situação fiscal do Brasil, tema que trata da relação entre receitas e despesas do governo. 

Na semana passada, o tom dominante no mercado era de certo otimismo. A expectativa era de corte de juros nos Estados Unidos e elevação das mesmas taxas no Brasil. E ambas as estimativas se confirmaram, acalmando os mercados em todo o mundo, na quarta-feira (18/9). No caso americano, a redução foi melhor que a encomenda. Ela ficou no limite máximo das projeções dos analistas, atingindo 0,50 ponto percentual.

Nesse cenário, o dólar engatou uma sequência de sete quedas seguidas no Brasil, cotado a R$ 5,42, na quinta-feira (19/9). Isso depois de ter atingido R$ 5,65, na terça-feira (10/9). Na sexta-feira (20/9), contudo, o real voltou a descarrilar. A moeda americana disparou com um aumento de 1,72%, a R$ 5,58. Ontem (segunda, 23/9), ela deu mais um passinho para o alto, subindo 0,25%, a R$ 5,53.

Para Haddad, “boatos”

Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a virada de sexta, com a retomada da tendência de alta do dólar, ocorreu como resultado de “boatos” que surgiram no mercado, depois que o governo adiou a coletiva de imprensa, na qual seriam apresentados dados do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 4º bimestre de 2024. 

A Fazenda, apurou o Metrópoles, era a favor da manutenção do evento, mas o Planejamento, que também participa da divulgação, decidiu postergá-lo para esta segunda-feira (23/10). O fato é que, com a mudança de data, o mercado se entrincheirou na moeda americana – o que sempre ocorre em momentos de incerteza – e o real deixou de ser o grande destaque entre as moedas que mais se valorizaram em relação ao dólar em setembro.

Desempenho ruim no ano

Na verdade, observa Agostini, da Austin, com a mudança de rumo, o dinheiro brasileiro retomou o caminho que já vinha seguindo em 2024. “Se o real está entre as moedas que mais se valorizaram em setembro, ele também está entre as que mais perderam valor durante o ano”, diz o economista.

Isso porque, como dito acima, o ranking da agência para o mês de setembro coloca o real em sétimo lugar entre as moedas que mais subiram neste mês. Em contrapartida, se o levantamento for ampliado para o ano, o real passa a figurar entre as oito moedas que mais se desvalorizaram em 2024. Nessa versão da lista, o Brasil só está melhor que o Sudão do Sul, Etiópia, Nigéria, Egito, Gana, Argentina e Turquia.

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