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Com atestado, ex-CEO da Americanas não deve comparecer à CPI

Miguel Gutierrez, que comandou a empresa por mais de duas décadas, tinha depoimento marcado para esta terça-feira (1º/8). Não há nova data

atualizado

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Fachada da loja Americanas em brasília - Metrópoles
1 de 1 Fachada da loja Americanas em brasília - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez, que comandou a empresa por mais de duas décadas, apresentou um atestado médico e não deve prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a fraude contábil na varejista.

O depoimento de Gutierrez, um dos mais aguardados pela comissão, estava programado para esta terça-feira (1º/8). Até o momento, não foi marcada uma nova data.

Na semana passada, os advogados de Gutierrez tentaram, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), obter um habeas corpus para que o executivo não fosse obrigado a comparecer à CPI.

O ministro André Mendonça, do STF, determinou que o ex-CEO da Americanas deveria ir à comissão, mas poderia ficar em silêncio para não produzir provas contra si.

A sessão desta terça da CPI da Americanas deve ter os depoimentos de representantes da PwC e da KPMG, empresas de auditoria que não detectaram as fraudes nos balanços da companhia.

Ainda não está confirmada a presença do ex-diretor financeiro Fábio Abrate, também convocado.

Além dos depoimentos, a CPI deve analisar um requerimento apresentado pelo deputado federal Alberto Mourão (MDB-SP) para que sejam convocados integrantes do Conselho de Administração da Americanas.

Crise na Americanas

Em janeiro deste ano, veio à tona um rombo contábil bilionário nos balanços da empresa, hoje estimado em R$ 25 bilhões. Recentemente, a nova direção da Americanas passou a se referir ao episódio como “fraude”.

A companhia está em recuperação judicial e negocia um plano de pagamento a credores – muitos dos quais insatisfeitos com os termos apresentados.

O que disse o presidente da CPI ao Metrópoles

Em entrevista ao Metrópoles, publicada no fim de julho, o presidente da CPI da Americanas, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), disse que ainda não é possível saber se os bancos são “vítimas ou cúmplices” nessa história.

Em depoimento à comissão, o atual CEO da varejista, Leonardo Coelho Pereira, exibiu supostas mensagens nas quais bancos privados teriam alterado a redação de cartas de circularização – documento de apoio aos trabalhos de auditoria – após contato com diretores da empresa. Itaú e Santander, citados por Coelho, negaram, enfaticamente, qualquer irregularidade.

Na ocasião, o deputado afirmou que, assim que as atividades legislativas fossem retomadas, em agosto, a CPI colheria os depoimentos de Gutierrez e de representantes das empresas de auditoria, que não detectaram o rombo nas contas da varejista.

“Há algo aí que precisa ser bastante investigado”, disse Ribeiro. “O que chama atenção é que são empresas reconhecidas mundialmente, que têm uma larga experiência na área e, mesmo assim, não foram capazes de detectar um rombo tão grande.”

Em relação ao trio de acionistas de referência da Americanas – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira –, Gustinho Ribeiro adotou um tom mais cauteloso, embora afirme que a CPI não deixará de convocar “quem quer que seja”. “Não se pode começar a investigação pelo fim. Caso seja necessário, os acionistas de referência serão ouvidos”, diz. “Temos de ter cautela, responsabilidade e compromisso com a economia do país.”

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