Cielo suspende oferta pública de ações para tirar empresa da Bolsa
Decisão foi comunicada em fato revevante enviado à CVM. Acionistas minoritários estavam insatisfeitos com valor oferecido pelos papéis
atualizado
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A Cielo, a “empresa das maquininhas de cartões”, informou que o processo de registro da oferta pública de aquisição de ações (OPA), anunciado no início de fevereiro, está suspenso. A medida foi comunicada por meio de fato relevante, enviado na noite de sexta-feira (23/2) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O cancelamento, afirma o documento, foi resultado dos pedidos de convocação de uma assembleia especial por parte de grupos de acionistas.
Na quarta-feira (21/2), em outro fato relevante, a Cielo informou que havia recebido de acionistas titulares de mais de 10% das ações em circulação “pedidos para deliberar sobre uma possível nova avaliação do valor das ações ordinárias da companhia”. Na prática, esses investidores estavam insatisfeitos com o preço oferecido pelos papéis por parte dos controladores da empresa de meios de pagamentos, o Bradesco e o Banco do Brasil.
Com a OPA, o objetivo dos dois bancos é tirar a Cielo da Bolsa brasileira (B3). O preço oferecido por ação foi de R$ 5,35, quantia 6,4% superior ao valor de fechamento do papel no pregão da segunda-feira (5/2) da B3, data do anúncio. Com a aquisição, o Banco do Brasil informou que deteria até 49,99% do capital da companhia. Hoje, tem 28,7%. O restante ficaria com o Bradesco – atualmente, com 30,06%.
Nesta semana, contudo, o megainvestidor Luiz Barsi também aderiu ao grupo de seis gestoras que resolveram questionar o preço oferecido pelas ações, para a retiada da empresa da Bolsa. Alguns acionistas chegaram a definir que o preço justo por ação ordinária (com direito a voto nas assembleias) seria de R$ 7,50 a R$ 8,00.
No mesmo dia em que anunciou a OPA, a Cielo, a maior empresa de meios de pagamentos do país, divulgou o balanço do quarto trimestre de 2023. No período, a companhia registrou um lucro líquido recorrente de R$ 480,8 milhões. O resultado foi 1,9% menor do que o registrado no mesmo período de 2022, e 5,3% maior do que o do terceiro trimestre do ano passado.
A área de comunicação da empresa enviou uma nota ao Metrópoles, informando que a Cielo não suspendeu o processo da oferta pública de aquisições. “A suspensão, em casos como esse, é um protocolo da CVM”, informou.