China: ações da Evergrande são suspensas na Bolsa de Hong Kong
Motivo para suspensão não foi divulgado, mas há relatos de que o presidente da Evergrande, Hui Ka Yan, estaria sob vigilância policial
atualizado
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A negociação das ações da Evergrande, gigante do mercado imobiliário da China, foi suspensa nesta quinta-feira (28/9) na Bolsa de Valores de Hong Kong.
Os papéis das unidade de serviços imobiliários e de negócios de fabricação de veículos elétricos do grupo chinês também tiveram a negociação suspensa.
O motivo para a suspensão não foi divulgado oficialmente, mas há relatos de que o fundador e presidente da Evergrande, Hui Ka Yan, teria sido colocado sob vigilância policial.
O executivo também é o acionista controlador da Evergrande e estaria sendo monitorado pelas autoridades, segundo informações da Bloomberg. A imprensa chinesa, por sua vez, noticia que Hui Ka Yan teria sido detido em Pequim. Ele não é formalmente acusado por nenhum crime até o momento.
Hui Ka Yan, hoje com 64 anos, fundou a Evergande em 1996. A companhia se tornou a maior incorporadora residencial da China, mas acumulou dívidas nos últimos anos, até deixar de pagar suas obrigações internacionais em 2021.
Na quarta-feira (27/9), as ações da Evergrande desabaram 19% em Hong Kong. No fim de junho de 2023, a empresa tinha mais de US$ 320 bilhões em dívidas.
Novo calote
No início da semana, a Evergrande informou que está impossibilitada de emitir novos títulos, em meio à crise de liquidez enfrentada pela companhia, o que agrava a situação já delicada do mercado imobiliário do país asiático.
Em comunicado apresentado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande afirmou que a subsidiária Hengda Real Estate é alvo de uma investigação da Comissão Reguladora de Valores da China por supostamente violar as normas de divulgação de informações.
De acordo com a Evergrande, essa investigação impede que a empresa emita novos títulos.
Proteção contra falência
Em meados de agosto, a Evergrande pediu proteção contra a falência nos Estados Unidos.
A companhia recorreu a um instrumento denominado Chapter 15, da Lei de Falências dos Estados Unidos, que trata de processos internacionais de recuperação judicial que tiveram início em outros países.
A regra permite às empresas estrangeiras terem seu processo estendido aos EUA, protegendo ativos que possuem no país.
O pedido da construtora chinesa se refere a procedimentos de reestruturação em Hong Kong e nas Ilhas Cayman.
A Evergrande tenta, há meses, concluir um plano de reestruturação de sua dívida. Em abril, a companhia informou que não contava com o apoio necessário dos credores para colocar o plano em prática.
Há 10 dias, a Sunac, outra grande empresa do setor imobiliário chinês, também apresentou um pedido de proteção contra falência nos EUA. No fim do ano passado, as dívidas da Sunac giravam em torno de 1 bilhão de yuans, o equivalente a US$ 137 milhões.
A crise do mercado imobiliário da China
Reportagem publicada pelo Metrópoles em agosto mostrou que o mercado imobiliário chinês enfrenta uma grave crise.
O risco é o de um efeito dominó que afete a já abalada confiança dos consumidores, as contas das províncias e o setor financeiro chinês. Nos últimos três anos, ao menos 50 incorporadoras chinesas deram calote ou atrasaram pagamentos, segundo a agência de risco Standard & Poor’s.
O país tem sofrido com uma forte desaceleração econômica, com desemprego recorde entre os jovens e uma demanda fraca por bens e serviços, que desaqueceu o mercado. Em julho, a China registrou sua primeira deflação desde fevereiro de 2021, como reflexo da diminuição generalizada do consumo.
Depois de uma série de medidas para estimular a economia, Pequim teve algumas notícias auspiciosas nos últimos dias. Setores como indústria, varejo e serviços tiveram índices positivos em agosto, o que pode ser o início de uma reação. A venda de imóveis, contudo, recuou 1,5% nos oito primeiros meses do ano, agravando a situação do combalido mercado imobiliário local.