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CEO da Americanas apresenta à CPI provas de fraude na empresa

Segundo Leonardo Pereira, há indicios de participação de diretores, com a anuência de auditores e a “suavização” de bancos na falcatrua

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1 de 1 Imagem colorida CEO americanas Leonardo coelho pereira cpi - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O atual CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira (foto em destaque), que assumiu o cargo em 15 de fevereiro, apresentou à CPI que apura o escândalo contábil da varejista, na Câmara dos Deputados, uma série de documentos (veja galeria abaixo) com dados do balanço da empresa e trocas de mensagens entre executivos. Na prática, eles mostram ajustes feitos por altos funcionários para maquiar o resultado financeiro da companhia.

Em uma dessas mensagens trocadas por WhatsApp, José Timotheo Barros, antigo diretor financeiro da empresa, diz: “Estava refletindo sobre nossa alavancagem em março 2017. Não podemos mostrar para o conselho e mercado nada acima de 3.3-3.5. Será morte súbita. Temos de trabalhar desde já com todas as alavancas. Além disso, no próximo sábado dia 11/3 o Marcelo deve apresentar para todos os diretores o orçamento de 2017 com alavancagem máxima de 3.1”.

Alavancagem é o termo usado no mercado para expor o quanto a empresa está endividada em relação ao lucro, antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês).

Os documentos trazem ainda planilhas com uma coluna com a nomenclatura “visão interna”, a que seria real, apresentando um prejuízo de R$ 733 milhões da varejista. Outra coluna com a nomenclatura “visão conselho”, a maquiada, mostrava lucro de R$ 2,8 bilhões. “A fraude da Americanas é uma fraude de resultado”, disse o CEO aos parlamentares.

O Comitê de Auditoria da Americanas, disse Pereira, fez ainda seguidas perguntas aos diretores sobre operações de risco sacado para os diretores em três ocasiões. Nelas, um fornecedor antecipa, junto a um banco, o recebimento de um pagamento devido pela empresa.

Em todas as comunicações a antiga diretoria negou a existência dessas operações. “Pode-se criar lucro a partir de planilha, mas não se cria caixa. É preciso de um empréstimo bancário para saldar a operação”, afirma o CEO, ao explicar por que o risco sacado era importante na fraude.

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Há ainda, segundo Pereira, falsificação de documentos de supostos fornecedores, com descontos comerciais inexistentes, além de cartas pedindo a bancos que retirem informações sobre operações de risco sacado de informações comerciais.  Numa dessas mensagens, um executivo escreve: “O Itaú Unibanco propôs a suavização do termo ‘sacado’ por ’emitido'”.

O executivo acusou ainda auditores de alterar análises sobre essas operações a pedido da diretoria da empresa. O CEO apresentou um slide onde aponta que “há indícios” de que a PwC, outra auditoria, ensinou os diretores da varejista como escrever um texto no qual o termo “risco sacado” não “ficasse claro para tod0s os envolvidos”.

Essas mudanças no tratamento do risco sacado, segundo mensagem atribuída ao então diretor financeiro, eram questão de “vida/morte para nós”.

Na CPI, Pereira afirmou que a empresa já tem documentos e elementos para abandonar a nomenclatura inicial de “inconsistências contábeis” e admitir que houve “fraude”.

O Metrópoles tentou ouvir as empresas e pessoas citadas no depoimento do CEO da Americanas à CPI. Este espaço segue aberto para a manifestação de todos. A seguir, os comunicados divulgados:

Itaú Unibanco: “O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas ‘risco sacado’. A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores. Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada pela companhia ao mercado no dia de hoje.”

KPMG: “A KPMG no Brasil informa que, por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma.”

PwC: “A PwC não comenta temas de clientes por questões de confidencialidade e regras de sigilo profissional.”

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