Catástrofe no RS pode ter pesado na decisão do Copom, diz economista
Para André Braz, do FGV Ibre, inflação vem comportada, mas chuvas no Sul comprometem parcela da safra, o que pode pressionar preços
atualizado
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Para o economista André Braz, coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), há no cenário atual uma coleção maior de fatores favoráveis ao corte de juros de 0,25 ponto percentual da Selic do que à redução de 0,50 ponto percentual. E essa lista inclui, observa o especialista, a recente catástrofe provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul (RS).
Na avaliação de Braz, os elementos que pressionam pela redução de 0,25 ponto, que foi a opção adotada nesta quarta-feira (8/5) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), reúnem três questões básicas. A lista inclui a guerra no Oriente Médio e a política monetária americana, que optou por manter os juros altos nos Estados Unidos. Isso além das incertezas provocadas pela mudança da meta fiscal para 2025 e 2026, anunciada pelo governo no mês passado.
Em contrapartida, destaca Braz, a inflação está desacelerando de forma consistente no Brasil e tem grande peso na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). “Mas esse fator fica enfraquecido com as chuvas”, diz o economista. “Mesmo porque o Rio Grande do Sul responde por 14% da safra nacional.”
Emerson Marçal, coordenador do Centros de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo, da FGV, observa outros elementos também justificam o corte de 0,25%. Ele cita o mercado de trabalho forte e taxas baixas de desemprego – indícios de uma economia aquecida –, o risco fiscal da execução das metas fiscais e uma sinalização de uma política monetária mais conservadora.
Espaço para 0,5 ponto
Para o economista Márcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP) e ex-secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda (2011-2014), havia, porém, espaço para mais uma redução de 0,5 ponto. “Mas ela teria de ser seguida por cortes menores”, diz. “Com isso, a política monetária manteria a taxa de juros ainda no campo contracionista.”