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Campos Neto: “surpresas negativas” da China afetam mercado brasileiro

Dúvidas sobre capacidade de retomada econômica da China já começam a afetar o mercado brasileiro, diz Roberto Campos Neto, do BC

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Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal
1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comparece a audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, chamou atenção para a preocupação do mercado com a situação econômica da China.

Dados mais fracos da segunda maior economia do mundo acenderam um alerta global, como mostrou o Metrópoles. O chefe da autoridade monetária falou nesta quarta-feira (16/8) em “surpresas negativas” no país asiático.

“Temos surpresas negativas na China. Tivemos notícias sobre empresas de construção civil que não estão conseguindo honrar seus compromissos. Uma incapacidade de fazer o país crescer mais, gerando estímulo monetário”, afirmou Campos Neto, ao participar da abertura do 35º Congresso Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em Brasília.

As vendas do varejo na China avançaram 2,5% em julho, na comparação com o mês anterior, enquanto a produção industrial cresceu 3,7%. Ambos os resultados vieram abaixo das expectativas do mercado.

O Serviço Nacional de Estatísticas da China anunciou, na terça-feira (15/8) que deixará de divulgar “temporariamente” os dados sobre o desemprego entre os jovens no país, que recentemente atingiu o maior patamar desde que começou a ser anunciado, em 2018.

Em junho deste ano, o desemprego entre os jovens chineses foi de 21,3%. Analistas avaliam que o índice ajuda a explicar o desempenho abaixo do esperado da economia do país asiático, que sofre com o baixo nível de consumo.

Pouco antes da divulgação dos dados do varejo e da indústria, o Banco do Povo da China (Banco Central do país) anunciou um inesperado corte nas taxas de juros, para tentar impulsionar a atividade econômica.

Os juros para os empréstimos de um ano, que são a principal referência do mercado local, foram reduzidos em 0,15 ponto percentual, para 2,5% ao ano. Foi o maior corte da taxa de juros na China desde o auge da pandemia de Covid-19.

Quando a China anunciou o fim gradual de sua política de “Covid zero”, que fez o país ter quarentenas severas por três anos, a expectativa era que a economia decolaria rapidamente. O governo definiu uma meta de crescimento de 5% para 2023 e o alvo chegou a ser visto como bastante moderado para os chineses.

Ainda que frentes como o setor de serviços tenham, de fato, se reerguido no começo do ano, a projeção é que a meta será atingida com mais dificuldade.

“Temos visto um impacto dessa reversão de expectativa na China também sobre os mercados brasileiros”, alertou Campos Neto. 

Estados Unidos

Em sua participação no congresso da Abrasel, Campos Neto também falou sobre a situação econômica dos Estados Unidos.

“O desemprego nos EUA está bastante baixo. O setor de serviços tem muita dificuldade de contratação. Há bares e restaurantes com filas e mesas vazias porque não há funcionários suficientes para ter o atendimento que eles gostariam”, afirmou o presidente do BC. 

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