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Campos Neto reconhece que divisão no Copom afetou previsão de inflação

Para presidente do BC, porém, houve tentativa de politizar o racha na última reunião do órgão, que definiu o corte de 0,25 ponto da Selic

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto no Senado Federal - Metrópoles
1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto no Senado Federal - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reconheceu, nesta segunda-feira (27/5), que a divisão de votos sobre o corte da taxa básica de juros, a Selic, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 7 e 8 de maio, “gerou ruído” no mercado e influenciou as perspectivas sobre a inflação. A  menção ao episódio foi feita em evento realizado em São Paulo, organizado Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Campos Neto fez a afirmação ao responder a uma pergunta de Henrique Meirelles, ex-presidente do BC (nos dois primeiros mandatos do presidente Lula), e ex-ministro da Fazenda (governo Temer). 

Na citada reunião do Copom, os quatro diretores do órgão do BC indicados pelo atual governo defenderam um corte de 0,50 ponto percentual da Selic. O presidente do Banco Central e outros quatro diretores, totalizando cinco votos, foram favoráveis à redução de 0,25 ponto percentual, que prevaleceu, baixando a Selic para 10,50% ao ano.

Decisão técnica

Para Campos Neto, o racha não teve uma conotação política, apesar da forma como a diretoria se dividiu, opondo os indicados pelo atual governo contra os demais integrantes do Copom. “O que a gente precisa fazer é comunicar, dizendo que a decisão foi técnica”, afirmou.

O presidente do BC disse ainda que o “cerne da divisão estava na relação entre custo e benefício de se manter um guidance (uma orientação) da reunião anterior”. Isso porque, ao final do encontro do Copom de março, a ata citou que havia a possibilidade de novo corte da Selic de 0,50 ponto percentual em maio. 

Condicionantes

“Todo guidance tem as suas condicionantes”, afirmou Campos Neto. “Teve divisão entre as pessoas que achavam que essas condicionantes eram suficientes para mudar o guidance ou não.” De acordo com o presidente do BC, não houve divergência sobre as condicionantes em si. “Isso foi unanimidade”, disse. “A dúvida era na gradação das condicionantes em relação ao custo de não cumprir o guidance que havia sido anunciado. Eu acho que isso é um critério técnico.”

Para Campos Neto, esse foi o ponto que provocou o aumento do “prêmio de risco” depois do encontro do órgão. “A gente entende que, em parte, foi, mas, ao longo do tempo e com a nossa comunicação, as pessoas vão entender que a decisão foi técnica”, afirmou. 

O presidente do BC observou que a divisão no Copom acabou “influenciando um pouco na inflação implícita, porque há uma tentativa sempre, como em vários outros temas, de politizar as decisões que são tomadas”. Ela acredita que, com o tempo, “vai ficar bem claro que não foi isso o que aconteceu”. Campos Neto observou: “A gente vai olhar para trás daqui a seis meses e achar que cometeu um erro de interpretação”. 

Inflação desancorada

No evento em São Paulo, o presidente do BC também respondeu a uma pergunta sobre os fatores que contribuíram para “desancorar” a inflação nos últimos meses. A taxa é considerada “desancorada”, quando a expectativa dos agentes está acima da meta de inflação. 

Nesse caso, o presidente enumerou uma série de “ruídos”. Ele citou a mudança da meta fiscal promovida pelo governo, as discussões sobre a troca de comando no BC, que ocorre no fim deste ano, as especulações em torno da mudança da meta de inflação, o cenário externo, com juros altos nos Estados Unidos, e a nova incerteza sobre as consequências econômicas da tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

 

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