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Campos Neto: próxima etapa da modernização financeira do país terá IA

“Poderemos usar inteligência artificial para fazer o processo melhorar para as pessoas, com educação financeira”, diz Roberto Campos Neto

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Imagem de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, segurando um microfone e recebendo um prêmio - Metrópoles
1 de 1 Imagem de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, segurando um microfone e recebendo um prêmio - Metrópoles - Foto: Reprodução/YouTube

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, projeta que a inteligência artificial (IA) deve começar a ser mais utilizada para “melhorar a vida das pessoas” em até dois anos, com a conclusão do processo de modernização do sistema financeiro do país.

As declarações do chefe da autoridade monetária foram feitas na sexta-feira (3/11), durante um evento promovido pela startup de tecnologia financeira DrumWave. Campos Neto gravou um vídeo que foi exibido no seminário.

Segundo o presidente do BC, o objetivo é que, ao fim do processo de modernização financeira do país, a IA seja adicionada ao “pacote”.

“Acreditamos que as empresas começarão a disputar o canal da integração. Então, deverão existir aplicativos para integrar todas as contas”, afirmou Campos Neto, referindo-se, mais uma vez, a um “agregador” que concentre toda a movimentação financeira dessas pessoas.

“A última coisa que estamos começando a falar agora é que, assim que tivermos todo esse processo concluído, todos os blocos integrados, poderemos usar inteligência artificial para fazer o processo melhorar para as pessoas, com educação financeira, aconselhamento financeiro. Isso para que as pessoas consumam produtos financeiros de uma forma melhor, mais eficiente e segura”, explicou Campos Neto.

“Portanto, a última milha do nosso plano é como podemos adicionar em cima de tudo isso a inteligência artificial”, prosseguiu o presidente do BC.

Pix e Open Finance

Segundo Campos Neto, o programa de inovação levado a cabo em sua gestão à frente do BC teve como principal objetivo, desde o início, a democratização do sistema financeiro do país. “A ideia era criar competição, inclusão em termos do número de pessoas que acessam a intermediação financeira”, ressaltou.

“O primeiro bloco foi o Pix e o segundo é o Open Finance, que é um sistema completamente aberto de dados. O Open Finance no Brasil é bem mais abrangente em comparação com o sistema de Open Banking que temos em outros lugares”, disse Campos Neto.

O Open Finance é o sistema por meio do qual clientes de produtos e serviços financeiros podem permitir o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo BC. Trata-se de uma versão mais abrangente do Open Banking, lançado em fevereiro de 2021.

O novo modelo inclui não apenas informações sobre produtos e serviços financeiros mais tradicionais (como contas ou operações de crédito), mas também dados de produtos e serviços de câmbio, credenciamento, investimentos, seguro e previdência.

Qualquer pessoa que adere ao Open Finance pode, por exemplo, usar as informações financeiras que possui em determinado banco para contratar seguros ou planos de previdência de outras instituições que oferecerem condições mais vantajosas. Também pode ter acesso a opções diferenciadas de investimentos.

Segundo o estudo Global Open Finance Index, desenvolvido pela Open Banking Excellence (OBE) em parceria com a Universidade de Oxford, o Brasil já deixou para trás o Reino Unido – pioneiro no Open Banking – e se estabeleceu como líder mundial no ranking do sistema financeiro aberto. Entretanto, apesar dos notáveis avanços tecnológicos e do crescimento do sistema nos últimos meses, muitos bancos e clientes ainda resistem a utilizar o Open Finance.

“Hoje, temos aproximadamente 45 bilhões de acessos. No Brasil, é possível obter dados de um banco A e importá-los para um banco B, C ou D. É claro que este é um processo que demanda muito trabalho e dados têm de ser homogêneos para os que estão trabalhando com eles”, afirmou.

Campos Neto disse, ainda, que o BC vem trabalhando para a fusão entre Pix e Open Finance, além da inclusão de outros produtos para aumentar a competição. “Então, teremos comparabilidade e portabilidade em tempo real. É isso o que queremos”, afirmou.

Drex, a moeda digital

De acordo com Campos Neto, um dos principais desafios do BC neste momento é garantir que todo esse sistema integrado funcione.

“A questão final é: como podemos ter certeza de que todo o sistema vai funcionar? Porque ele se tornou mais digital e agora entendemos que precisamos avançar em um novo passo, que é o da ‘tokenização’. Então, começamos o processo de ‘tokenização’, que é nossa moeda digital, o Drex”, disse o chefe do BC.

“A ideia é conectar os quatro blocos: Pix, Open Finance, internacionalização da moeda e chegamos ao Drex. Para nós, com a ‘tokenização’, chegamos a uma nova dimensão da intermediação financeira”, afirmou.

O Drex será a primeira moeda digital oficial do Brasil. Em linhas gerais, trata-se de uma representação da cédula física do real, só que disponibilizada em uma plataforma 100% digital.

A futura moeda digital seguirá exatamente os mesmos fundamentos e padrões de valor e estabilidade que vigoram no caso do real físico. Ela será emitida pelo BC e funcionará com uma extensão da moeda física. Sua distribuição ao público será feita por meio de bancos e instituições de pagamento.

Segundo o BC, o Drex poderá ser utilizado em todas as atividades financeiras disponíveis atualmente, como empréstimos, seguros ou investimentos. Novas possibilidades de uso, como em “contratos inteligentes”, também são consideradas.

No caso da venda de um veículo, por exemplo, não haveria a discussão se caberia ao comprador depositar o valor antes de pegar o carro ou se o vendedor teria de transferir os documentos antes de receber o dinheiro. Todo o processo seria feito instantaneamente, por meio de um contrato automatizado, o que reduziria a burocracia.

Ainda de acordo com a autoridade monetária, uma das diretrizes seguidas para a criação do Drex é a interoperabilidade – capacidade de um sistema de se comunicar com outro – com os meios de pagamento disponíveis atualmente.

Com isso, diz o BC, os usuários da moeda digital poderão fazer pagamentos em lojas, por exemplo, por meio de seu prestador de serviço de pagamento – seja um banco ou outra instituição autorizada pelo BC –, além do Pix.

Uma outra possibilidade de uso do Drex é na transferência de reais digitais para outras pessoas. Nessa transferência, esses valores poderão se transformar em um depósito bancário convencional e os beneficiários podem sacar o dinheiro em cédulas.

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