Campos Neto: inflação baixa é maior contribuição do BC contra pobreza
Presidente do BC, que participou de evento do G20, em São Paulo, falou ainda da importância da inclusão financeira no combate à desigualdade
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que manter a inflação baixa é a maior contribuição que os bancos centrais (BCs) do mundo podem dar ao crescimento sustentável e ao combate à pobreza. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (28/2), em São Paulo, durante encontro de ministros de finanças e presidentes dos BCs do G20, que reúne as maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia.
No evento, Campos Neto observou que o controle de preços por meio da política monetária é uma forma de preservar os mais pobres, notadamente num ambiente de aceleração inflacionária. “Existem muitas evidências que sustentam que a inflação tem um impacto negativo nos níveis de pobreza”, disse. “Isso prejudica desproporcionalmente os mais vulneráveis, aprofundando as disparidades sociais existentes e as desigualdades. A redução da inflação acarreta custos, mas adiar a restauração da estabilidade de preços poderá aumentar o sacrifício necessário para baixar os preços e prejudicar ainda mais os vulneráveis.”
O presidente do BC do Brasil acrescentou que políticas macroeconômicas sólidas sustentam o ambiente onde o crescimento de longo prazo possa ser sustentado e as discrepâncias sociais, reduzidas. Ele observou que os bancos centrais estão comprometidos com a estabilidade de preços, depois que a inflação aumentou no mundo, como resultado de políticas monetárias expansionistas adotadas durante a pandemia.
Para Campos Neto, a maior “contribuição da política monetária para o crescimento econômico sustentável, o baixo desemprego, o aumento do rendimento real e a melhoria das condições de vida das pessoas é manter a inflação baixa, estável e previsível”. A seguir, ele observou, em tom de alerta: “Ainda há trabalho a ser feito na ‘última milha’ e riscos futuros”.
Inclusão financeira
O presidente do BC considera ainda “crucial o papel da inclusão financeira como um poderoso motor de crescimento econômico e progresso social”. “Sob a presidência brasileira do G20, a inclusão financeira será um pilar central para promover desenvolvimento e reduzir a desigualdade”, afirmou.
Também participam do encontro do G20, realizado no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, os presidentes dos bancos centrais do grupo, além da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e da diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.