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Campos Neto: “Existe uma dúvida sobre o que vai acontecer nos EUA”

Em fórum promovido pelo Credit Suisse, Roberto Campos Neto compartilha preocupação com trajetória dos juros na maior economia do mundo

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira (18/10) que a preocupação do mercado com os rumos da política monetária dos Estados Unidos é justificável, diante da força do mercado de trabalho americano e de uma inflação ainda muito acima da meta.

Ao participar de um fórum promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo, o chefe da autoridade monetária disse que “todos os olhos estão voltados à precificação da curva americana”.

“Existe uma dúvida sobre o que vai acontecer nos EUA. Alguns analistas projetam uma nova subida (da taxa de juros) em dezembro”, afirmou Campos Neto.

“A grande pergunta é se tem alguma coisa de fiscal nessa curva de juros americanos ou se é uma coisa técnica. O fiscal nos EUA tem sido pior. As pessoas estão até com dificuldade de estimar o número para o fim do ano”, disse o presidente do BC.

Campos Neto ressaltou que há uma grande preocupação quanto à proporção da dívida americana em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Temos uma projeção de que a dívida americana pode chegar a 120% do PIB”, alertou.

Tivemos um índice de inflação relativamente alto nos EUA. Os indicadores antecedentes estão mostrando que há uma dúvida maior em relação a esse processo de desinflação a partir de agora”, concluiu Campos Neto.

Com a economia resiliente e o mercado de trabalho aquecido, especialistas temem um novo aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), que deve voltar a subir os juros.

A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação e desaquecer a economia.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária do Fed, a taxa de juros foi mantida no patamar de 5,25% a 5,5% ao ano – a maior em 22 anos. Nas últimas 13 reuniões do Fomc, houve elevação dos juros em 11 e manutenção da taxa em duas.

China

Durante sua participação no seminário do Credit Suisse, Campos Neto também falou sobre a China.

Segundo ele, o mercado vem acompanhando com atenção os indicadores econômicos vindos de Pequim, especialmente os números relativos ao mercado imobiliário do país, que enfrenta grave crise.

“A China tem dito que não vai salvar todas as empresas, será algo mais seletivo. O mesmo vale para bancos menores. O que está sendo dito é que a China está mudando de modelo e que essa mudança pode gerar um crescimento mais baixo no curto prazo”, afirmou Campos Neto.

Depois de uma série de medidas de incentivo à economia nos últimos meses, o PIB da China fechou o terceiro trimestre de 2023 registrando uma expansão de 4,9%, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados foram divulgados mais cedo pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS). O desempenho da segunda maior economia do mundo no período entre julho e setembro deste ano veio acima das expectativas do mercado, que variavam de 4,4% a 4,5%. Em relação ao segundo trimestre, o PIB da China teve alta de 1,3%.

Já no acumulado dos nove primeiros meses de 2023, a China avançou 5,2%, também em relação ao mesmo período do ano passado.

Com os resultados, o gigante asiático ficou mais perto de cumprir a meta de crescimento econômico definida por Pequim, de 5% neste ano. Para isso, o PIB chinês terá de crescer 4,4% no último trimestre.

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