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Campos Neto diz que ouviu mais do que falou em reunião com Lula

Em entrevista à TV Globo, Roberto Campos Neto afirma que Lula “gasta mais tempo prestando atenção” do que o ex-presidente Jair Bolsonaro

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Roberto Campos Neto - Metrópoles
1 de 1 Roberto Campos Neto - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, revelou detalhes sobre a reunião que teve na semana passada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto.

O encontro, intermediado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o primeiro entre o presidente da República e o chefe da autoridade monetária desde a posse de Lula, em janeiro deste ano.

Nos últimos meses, o petista atacou Campos Neto diversas vezes, fazendo cobranças pela queda da taxa básica de juros da economia, a Selic.

No início de setembro, Lula voltou subiu o tom contra o chefe da autoridade monetária. “Esse cidadão, se ele conversa com alguém, não é comigo. Ele deve conversar com quem indicou, e quem o indicou não fez coisas boas nesse país. A sociedade brasileira vai descobrir com o tempo”, disse o petista, na ocasião.

“Achei que, desta vez, era mais importante ouvir mais e falar menos”, disse Campos Neto em entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, exibido na madrugada desta terça-feira (3/10).

Lula e Bolsonaro

Segundo Campos Neto, o encontro durou cerca de uma hora e meia e Lula demonstrou maior atenção à conversa do que acontecia nas reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O Lula gasta mais tempo prestando atenção no que você fala. Ele dedica mais tempo, tem mais paciência para as conversas. Bolsonaro era mais rápido. Eu sempre sabia que quando tinha uma conversa com Bolsonaro: eu tinha três minutos para falar alguma coisa. Depois dos três minutos, ficaria mais difícil porque ele ficava mais disperso”, comparou o presidente do BC.

De acordo com Campos Neto, o ex-presidente da República nunca interferiu nas decisões de política monetária.

“Bolsonaro sempre me deu total liberdade, nunca tive nenhum problema. Nunca ligou para reclamar de nada. Nunca interferiu em nada, zero”, disse Campos Neto. “A gente, às vezes, escuta muito: ‘ah, presidente autoritário’. Eu não era tão próximo dele, mas, no que tangia ao meu trabalho, sempre tive liberdade total.”

Mandato no BC

Em fevereiro de 2021, Bolsonaro sancionou o projeto que deu autonomia ao BC e, assim, limitou a influência do Executivo sobre as decisões relacionadas à política monetária.

Pela regra vigente desde então, os mandatos do chefe do BC e do titular do Palácio do Planalto não são mais coincidentes. O presidente do banco assumirá sempre no primeiro dia útil do terceiro ano de cada governo. Assim, o chefe do Executivo federal só poderá efetuar uma troca no comando do BC a partir do terceiro ano de gestão. No caso de Lula, isso só acontecerá em 2025.

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