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Campos Neto descarta BC após 2024: “Um mandato é suficiente”

Cortejado por emissários de Lula, presidente do BC afirma que não pretende permanecer no cargo após 2024, quando termina seu mandato

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado
1 de 1 O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (15/12) que não pretende cumprir mais um mandato à frente da autoridade monetária. Seu período no comando do banco termina em 2024.

“Tenho dito há bastante tempo. Acho que um mandato é suficiente para fazer o que é preciso fazer”, disse Campos Neto.

“Desde o começo, eu disse que não achava bom a recondução. Inclusive, disse em entrevista que, quando teve a lei de autonomia [do BC], eu fui contra a recondução. Acho que é importante ter a separação completa do ciclo do presidente do BC do ciclo político”, completou.

O presidente do BC esteve reunido com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Sua permanência no banco após 2024 não foi discutida na reunião, informou Campos Neto. “Não discutimos isso, mas eu pretendo ficar até o fim do meu mandato”, afirmou.

Autonomia do BC

Em fevereiro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto que deu autonomia ao BC e, assim, limitou a influência do Executivo sobre as decisões relacionadas à política monetária.

Pela regra vigente desde então, os mandatos do chefe do BC e do titular do Palácio do Planalto não são mais coincidentes. O presidente do banco assumirá sempre no primeiro dia útil do terceiro ano de cada governo. Assim, o chefe do Executivo federal só poderá efetuar uma troca no comando do BC a partir do segundo ano de gestão. No caso de Lula, isso só acontecerá em 2024.

A lei ainda permite a recondução ao cargo. Com isso, em tese, o presidente do BC poderá ficar à frente da instituição por até oito anos.

Acenos do PT

Emissários de Lula e o próprio presidente eleito vinham fazendo acenos positivos ao chefe do BC. Em setembro, às vésperas do primeiro turno da eleição, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) – um dos líderes petistas com trânsito mais fluido junto ao mercado – descartou a possibilidade de o governo trabalhar pelo fim da autonomia do BC.

Na ocasião, Padilha foi além. Questionado sobre Campos Neto, o deputado afirmou que não havia “qualquer objeção” à sua permanência na presidência do banco.

Ainda em setembro, Lula teceu elogios públicos a Campos Neto, a quem classificou como “economista competente” e “pessoa razoável para conversar”.

“Eu não me metia na política do Meirelles, mas vamos conversar com o presidente do Banco Central”, afirmou Lula, recordando seus dois primeiros mandatos. “O Banco Central tem como finalidade fazer com que a inflação seja controlada, e o único mecanismo que tem para isso é aumentar a taxa de juros. É preciso criar outro mecanismo”, completou.

“Precisamos trabalhar juntos”

Em novembro, poucos dias depois do resultado do segundo turno da eleição presidencial, Campos Neto retribuiu os acenos de Lula e afirmou que sua gestão no BC trabalhará em parceria com o futuro governo.

“Muita gente está infeliz, mas a beleza da democracia é que agora a gente precisa trabalhar juntos. Temos um Banco Central independente e estamos prontos para trabalhar com o próximo governo da melhor maneira possível”, afirmou, durante participação em uma conferência em Madri. “Temos uma luta importante contra a inflação e precisamos encontrar um caminho para o país crescer de forma sustentável”, concluiu.

Indicações de Lula

Em fevereiro de 2023, logo no segundo mês de mandato, Lula indicará dois nomes para as diretorias de Fiscalização e Política Monetária do BC – hoje ocupadas por Paulo Souza e Bruno Serra Fernandes, respectivamente.

Os mandatos de ambos se encerram no dia 28 de fevereiro de 2023. Eles podem ser reconduzidos aos cargos. A decisão será de Lula.

No ano que vem, o presidente eleito poderá substituir até quatro diretores da autoridade monetária. Além de Souza e Fernandes, Maurício Moura (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta) e Fernanda Magalhães (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) terão seus mandatos encerrados. Em tese, eles também podem ser reconduzidos.

Os indicados de Lula precisam ser submetidos a sabatinas no Senado Federal para que tenham seus nomes aprovados. O presidente do BC e oito diretores da instituição compõem o Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir a taxa básica de juros.

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