Campos Neto: desaceleração do crédito foi menor que a de outros países
“A desaceleração do crédito no Brasil foi muito menor do que em grande parte do mundo”, afirmou Roberto Campos Neto, presidente do BC
atualizado
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A desaceleração na oferta de crédito do Brasil é uma realidade, mas foi “muito menor” do que em vários países do mundo. A avaliação é do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que participou nesta quarta-feira (19/8) da abertura do 35º Congresso Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), em Brasília.
“A desaceleração do crédito no Brasil foi muito menor do que em grande parte do mundo. O objetivo do BC é o que chamamos de pouso suave: trazer a inflação para baixo com o menor custo para a sociedade, tentando retrair o crédito mínimo possível. Mas é óbvio que alguma retração de crédito você vai ter”, afirmou Campos Neto.
Um pouso suave, na economia, é uma desaceleração cíclica no crescimento capaz de evitar uma recessão. A expressão se tornou popular em Wall Street durante o mandato de Alan Greenspan à frente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), nos anos 1990.
De acordo com as últimas projeções divulgadas pelo BC, em julho, o volume de crédito bancário deve crescer 7,7% em 2023 – uma ligeira alta em relação à estimativa anterior, de 7,6%.
A taxa básica de juros (Selic), que ficou em 13,75% durante quase um ano, foi reduzida em 0,5 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, para 13,25% ao ano.
Com juros ainda em patamares elevados, a tendência é a restrição da atividade econômica e da oferta de crédito, por causa do encarecimento do custo de tomar empréstimos.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
“O setor de crédito é muito segmentado”, disse Campos Neto. “As pessoas dizem que o microcrédito sofreu muito durante a pandemia. Mas ele subiu, em média, 51% em dois anos de pandemia. Subiu mais do que os créditos pequenos e médios e mais do que grandes.”