Campos Neto: BC vai fazer o que for preciso para levar inflação à meta
Para presidente do BC, mercado tem dado sinais de volatilidade, mas ainda não é possível indicar o que ocorrerá com a taxa de juros do país
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (28/8) que o “BC vai fazer o que for preciso para levar a inflação à meta”, fixada em 3%, com tolerância de 1,50 ponto percentual em 2024. A afirmação foi feita durante evento realizado pelo Santander Brasil, em São Paulo.
Dados parciais divulgados na terça-feira (27/8) pelo IBGE, indicam que a inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 4,35%. Ou seja, em patamar bastante próximo ao teto da meta.
No evento, Campos Neto destacou como fator de risco inflacionário interno a força da atividade econômica, que tem dado sinais positivos em quase todos os setores do país. Com isso, o emprego segue forte, com aumento da massa salarial.
Tal quadro repercute de forma especial no setor de serviços, cujo uso de mão de obra é intensivo e tem mostrado uma inflação mais resiliente. Para o presidente do BC, a questão é saber até que ponto esse cenário pode influenciar negativamente os preços.
Volatilidade
Campos Neto disse ainda que entende que o mercado esteja “ansioso”, dando demonstrações de “volatilidade”, com interpretações variadas sobre se haverá ou não aumento de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), em setembro.
Ele creditou tal “volatilidade” à ausência de um sinal claro dado pelo próprio BC sobre o que fará com os juros nos próximos meses – no jargão, o termo “guidance” (orientação) define essa indicação.
Para Campos Neto, contudo, a “ausência do ‘guidance’ é importante neste momento” para dar maior “flexibilidade” às discussões no BC sobre o futuro da taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 10,50% ao ano.
O presidente do BC observou ainda que os agentes econômicos ficaram “muito dependentes” dessa orientação. “Toda vez que não há ‘guidance’ não é porque o BC quer confundir o mercado, mas porque a gente não tem certeza [sobre o que vai ocorrer]”, afirmou. “Sempre que isso acontece, cada entrevista de cada diretor, cada palavra, passa a ter muito efeito. Isso porque as pessoas tentam tirar um ‘guidance’ do que está sendo dito por cada um.”